Jornalista palestiniana Abu Akleh morta “possivelmente” por disparo de posições israelitas
4 de jul. de 2022, 16:35
— Lusa/AO Online
De acordo
com um comunicado do Departamento de Estado dos Estados Unidos, a
análise de peritos norte-americanos à bala que matou a jornalista da Al
Jazzera, de dupla nacionalidade palestiniana e norte-americana, não
chegou a nenhuma conclusão definitiva sobre a origem da bala que matou
Shireen na cidade de Jenin durante uma operação militar israelita, e
estando o projétil “muito danificado”. A
morte de Shireen Abu Akleh, uma jornalista muito respeitada e
reconhecida da cadeia televisiva do Qatar, abalou o Médio Oriente. A
Autoridade Palestiniana, a Al JAzeera e o Qatar, país que financia a Al
Jazeera, acusaram de imediato o exército israelita de ter matado
deliberadamente a repórter. Ramallah, a
sede do poder palestiniano, sempre recusou entregar o projétil ao
exército israelita, mas acabou por confiá-lo aos norte-americanos para
uma peritagem, e com estes a comprometerem-se em enviar as conclusões
aos palestinianos. Por sua vez, o exército
israelita indicou ter efetuado na presença de “responsáveis dos
serviços de segurança americanos” um “exame balístico” do projétil – de
calibre 5.56 mm e, segundo o procurador palestiniano, disparada por uma
arma semiautomática Ruger Míni-14. Israel
continua a afirmar ser impossível conhecer a origem exata do tiro,
israelita ou palestiniano, e a excluir que tenha sido um disparo
deliberado. O Alto-comissariado da ONU
para os direitos humanos concluiu em 24 de Juno sobre uma
responsabilidade do exército israelita, um inquérito rejeitado como “sem
fundamento” pelo ministro da Defesa israelita, Benny Gantz. Para
a sua análise, as autoridades norte-americanas indicaram que nas
últimas semanas tiveram “pleno acesso” aos inquéritos das forças
israelitas e da Autoridade Palestiniana. “Os
Estados Unidos continuam a encorajar a cooperação entre Israel e a
Autoridade Palestiniana neste caso importante”, e “exortam que sejam
prestadas contas” pelos envolvidos, acrescentou hoje Ned Price,
porta-voz da diplomacia de Washington. Estes
últimos desenvolvimentos ocorrem a menos de dez dias de uma vista do
Presidente dos EUA, Joe Biden, a Israel e à Cisjordânia, território
ocupado por Israel desde 1967, no âmbito da primeiro deslocação ao Médio
Oriente desde o seu acesso à Casa Branca. A
Autoridade Palestiniana (AP) reagiu à divulgação das conclusões da
investigação dos EUA considerando-a uma tentativa de "esconder a
verdade" sobre a morte de Abu Akleh.“Não
aceitamos tentativas de esconder a verdade e não temos medo de acusar
Israel" pela morte da jornalista, disse Hussein al-Sheikh, responsável
da AP para os assuntos civis, através do Twitter.A família de Abu Akleh afirmou estar "chocada" com os resultados da perícia norte-americana."Estamos
chocados com o anúncio de hoje do Departamento de Estado... de que um
exame da bala que matou Shireen Abu Akleh, uma cidadã americana, foi
inconclusivo quanto à origem da arma que a disparou", escreveu a família
em comunicado divulgado nas redes sociais.