Jornalista Osvaldo Cabral lança livro sobre os Açores e os novos média
8 de jan. de 2019, 17:27
— Lusa/AO Online
Osvaldo
Cabral referiu, em declarações à agência Lusa, que a comunicação social
nos Açores “está a atravessar momentos muito difíceis não só em termos
de conteúdos jornalísticos e situação financeira”, mas também face ao
“embate e concorrência com as novas tecnologias e plataformas”. Por
isso, acrescentou, é necessário que os órgãos de comunicação social têm
de ir ao encontro dos novos hábitos de consumo e de novos leitores.Na
próxima segunda-feira, o ex-diretor da RTP/Açores vai lançar o seu
livro, em Ponta Delgada, esperando que constitua um pretexto para o
debate e a reflexão dos média.Para
o também diretor executivo do Diário dos Açores, na região acordou-se
“muito tarde para esta nova realidade”, o que levou a que dois títulos
na região, que “constituíam um património riquíssimo”, tivessem
desaparecido.“Os
restantes vão-se mantendo com muita dificuldade, com redução de custos,
adaptando-se à nova realidade. Neste momento, devido à reação tardia,
está-se a assistir ao que é óbvio para quem está no meio: a imprensa
tradicional vai continuar a perder leitores”, declarou. O
jornalista entende que existe atualmente um “público bastante
fragmentado”, com duas faixas inexistentes anteriormente: os pais e avós
que ainda recorrem ao papel e os filhos e netos, uma geração que “já
abdicou completamente” da informação impressa e está num “mundo
completamente digitalizado”.“Defendo
uma simbiose entre os dois lados: por um lado, mantendo-se o papel mas,
ao mesmo tempo, apostando também nestas novas plataformas”, afirmou o
jornalista, que admite ser difícil investir quando as empresas estão
descapitalizadas, mas referiu que a alternativa "é acontecer o que se
passou" com o Diário de Notícias, que passou a edição diária na Internet
e, em papel, uma vez por semana.Considerando
que o “maior capital do jornalista é a sua credibilidade”, Osvaldo
Cabral está convicto de que, após o surgimento das redes sociais e das
‘fake news’, se assiste atualmente a uma “espécie de reconversão do
jornalismo”.
“A reabilitação do jornalista está a acontecer porque, passados todos
estes anos, as pessoas já perceberam que precisam muito de uma espécie
de regulador a quem possam recorrer para apurar a verdade dos factos”,
considerou.O
livro, com prefácio do professor da Universidade de Brown Onésimo
Teotónio de Almeida, representa o pensamento de um jornalista com 40
anos de carreira que começou na imprensa e assumiu a direção de alguns
títulos e da RTP/Açores, tendo sido ainda correspondente da agência
Reuters e do semanário Expresso.