Jornais do Faial e do Pico admitem fechar se o Governo cortar nos apoios à difusão
14 de dez. de 2017, 18:23
— LUSA/Luís Pedro Silva
O
alerta foi deixado hoje por Rui Gonçalves, diretor do diário
"Incentivo", que se publica na ilha do Faial, no final de uma reunião,
realizada na Horta, com o secretário regional da Presidência para os
Assuntos Parlamentares, Berto Messias, que tem o pelouro da Comunicação
Social."Se o
Governo não for sensível aos nossos argumentos, não sei quando, nem
quantos, mas com certeza estamos a correr o risco de, nas ilhas do Faial
e do Pico, concretamente, ficarmos sem jornais", advertiu o jornalista,
que se fez acompanhar de representantes de outros quatro semanários que
se publicam nas duas ilhas (O Dever, Jornal do Pico, Ilha Maior e
Tribuna das Ilhas).Em
causa está um "rateio" de cerca de 50% nos apoios à difusão (portes dos
CTT), previsto no novo programa de apoio à comunicação social privada
nos Açores (Promédia), aprovado recentemente na Assembleia Legislativa
Regional, e que poderá por em causa o futuro das publicações de menor
dimensão.Durante
a reunião com o secretário regional da Presidência, os representantes
dos jornais do Faial e do Pico, entregaram uma carta a Berto Messias,
subscrita também por outros dois diários da ilha de São Miguel (Correio
dos Açores e Diários dos Açores), e por um jornal da Terceira (Diário
Insular), que contestam igualmente os cortes previstos no Promédia.O Açoriano Oriental não foi informado da reunião, nem da missiva subscrita pelos referidos jornais. Contudo, o Açoriano Oriental subscreve a preocupação partilhada pelos restantes jornais em relação aos valores do rateio mencionados para o apoio à difusão. No
final da reunião, o governante disse aos jornalistas que o "rateio" já
estava previsto no novo diploma de apoio à Comunicação Social e que,
portanto, o "processo é transparente", recusando a ideia de que a
decisão de aplicar cortes nos apoios, tenha sido "escondida" dos
próprios visados.Confrontado
com o eventual cenário de despedimentos na comunicação social privada
ou com o encerramento de publicações, por via desta decisão, Berto
Messias manifestou a sua convicção de que isso não irá acontecer."Eu
espero que isso não aconteça, tenho essa convicção, mas também devo
dizer o seguinte: é importante que uma empresa, seja ela qual for, não
dependa a sua atividade apenas dos apoios públicos que são concedidos",
advertiu o governante.O
programa Promédia 2020, que vigora entre 2017 e 2020, prevê apoios ao
desenvolvimento digital, ao apoio à difusão informativa, ao acesso à
informação para cidadãos com necessidades especiais e à valorização dos
profissionais da comunicação social, entre outros.Notícia actualizada às 19h18