Jorge Fonseca sem 'explosão' perde 'trono' mundial
Judo/Mundiais
11 de out. de 2022, 17:17
— Lusa/AO Online
O caminho não se adivinhava fácil
para o português, apesar do respeito que o ‘judogi’ de letras vermelhas,
de campeão do mundo, impõe, anunciado com pompa e circunstância a cada
momento em que pisou o tatami da Humo Arena.O
estatuto não ganha títulos e Fonseca, ciente, sofreu para ultrapassar o
primeiro grande obstáculo, quando o sorteio lhe colocou no caminho um
antigo medalhado em Jogos Olímpicos e campeão mundial, o romeno, de
origem cubana, Asley González.A estreia
exigiu um fôlego redobrado ao judoca do Sporting, que tem sempre pouco
tempo a perder e viu-se enredado na armadilha física, a prolongar, sem
desequilíbrios, o combate para lá dos quatro minutos, valendo-lhe um
‘waza-ari’ aos 6.29 minutos.O teste não
teve distinção, mas o resultado desejado, antes de marcar ‘encontro’ com
o sérvio Bojan Dosen (54.º), a quem já tinha derrotado por duas vezes,
mas para quem estava de sobreaviso, depois de este ter eliminado o
japonês Kentaro Iida.Fonseca ‘despachou’
com relativa facilidade o sérvio – a quem já tinha vencido duas vezes
(2019 e 2022) -, mas o histórico com o azeri era-lhe claramente
desfavorável (4-1), e possivelmente ‘pesou’ no combate seguinte.Com
Zelym Kotsoiev (11.º do mundo), Fonseca nunca conseguiu lidar com a
‘envergadura’ do azeri e as suas tentativas de pega por cima e esteve
sempre em desvantagem, com um ‘waza-ari’ aos 01.46 de combate e um
‘ippon’, quando tentava reverter a desvantagem, nos segundos finais.O balde de ‘água fria’ foi inevitável, com a certeza de que os -100 kg iriam perder o rei de 2019 e 2021.Restava
a consolação de um bronze, duro para um campeão e ainda mais para um
bicampeão, mas uma medalha é sempre uma medalha e para Jorge Fonseca até
podia ser a terceira em três campeonatos consecutivos.A
cabeça parecia ter as ideias arrumadas e, talvez com menor pressão, o
judoca lançou-se ao quarto combate, o primeiro já na zona de repescagem,
diante do georgiano Ília Sulamanidze (sexto do mundo).A
história dava uma vitória para cada um, a última de Jorge Fonseca nos
Mundiais de Budapeste, e desta vez a tendência favorável parecia
repetir-se, com o português a entrar à sua boa maneira: confiante e ao
ataque.Foi sem surpresa que Jorge Fonseca
pontuou para ‘waza-ari’, ainda a 02.45 do final, mas bastaram poucos
segundos – numa nova tentativa do luso em resolver o combate -, que
Sulamanidze conseguiu prendê-lo e partir para o ‘osaekomi’ (imobilização
e ‘ippon’).Portugal fechará a participação nos Mundiais de Tashkent na quarta-feira, com a entrada em cena de Rochele Nunes (+78 kg).Dos
oito judocas em competição, Bárbara Timo (-63 kg) teve o melhor
desempenho, com a atleta do Benfica a chegar no domingo ao bronze na sua
categoria.