Jogador do Santa Clara confinado a quarto de hotel procura manter a forma
Covid-19
29 de abr. de 2020, 11:14
— Rui Pedro Paiva/Lusa/AO Online
"É um bocado mais
difícil ganhar motivação [para treinar estando num quarto de hotel],
mas somos todos profissionais e sabemos bem aquilo que temos de fazer
para estar em forma. Não vamos desperdiçar a oportunidade que poderemos
ter de voltar à competição", afirmou à agência Lusa o jogador do clube
açoriano da I Liga de futebol. A 14 de
março, o Governo dos Açores decretou a realização de quarentena
obrigatória de 14 dias a todos os passageiros que chegassem à região sendo que a 26 março essa quarentena passou a ser realizada
obrigatoriamente em unidades hoteleiras destinadas para o efeito,
"independentemente da residência" das pessoas, disse o governo na
altura.Rafael Ramos (tal como os colegas
André Ferreira, Marco e o treinador João Henriques) decidiu sair da
região a 16 de março para ficar junto da família, em Lisboa, durante o
período de confinamento."Sai na altura em
que decidiram parar o campeonato. Eu, como estava sozinho na ilha,
decidi ir para o pé da família porque não sabia quanto tempo é que isso
ia durar", assinala. O jogador chegou aos
Açores a 19 de abril, completando os 14 dias de quarentena obrigatória
no próximo dia 3 de maio, precisamente o dia em que terminam as
férias dos jogadores do emblema insular, que no dia 4 de maio voltará aos
treinos por videochamada. "É um pouco mais
complicado estar num quarto de hotel, mas tinha de vir agora para
depois estar disponível assim que os treinos pudessem recomeçar. Agora,
temos de passar essa fase mais difícil. Há de passar", destaca. Confinado
ao quarto e impedido de circular no hotel, o lateral direito diz ser um
"bocado estranho" não ter contacto com ninguém, uma vez que até as
refeições são deixadas à porta do quarto. Ainda
assim, faz questão de frisar "todos os cuidados" prestados quer pela
unidade hoteleira, quer pelo clube, dando o exemplo da bicicleta que tem
no quarto. "Foi espetacular, deixaram a
bicicleta entrar. Eu cheguei no domingo [19 de abril] e o clube na
segunda-feira arranjou logo a bicicleta. Ajuda muito porque, além da
corrida, não havia muito mais ‘cardio' que eu pudesse fazer sem ser com
bicicleta", releva. O jogador de 25 anos
diz que "procura na internet" várias maneiras de se manter ativo durante
o dia e fala "com muitos familiares" como forma de passar o tempo. "Também
ocupo muito tempo a ver televisão, a ver as notícias, filmes, séries e
jogo muito Playstation também. Surpreendentemente o tempo tem passado
rápido", acrescenta. O atleta considera os
treinos por videochamada uma "excelente ideia", porque permite "manter a
relação" entre o grupo, e diz que, atualmente, o que sente mais falta é
do "ambiente do balneário"."Agora não
temos estado juntos há algum tempo e é disso que mais sinto falta.
Aquele ambiente de balneário, de ver toda a gente, estar junto com eles
[os colegas], e treinar com eles", aponta. Rafael
Ramos refere que é preciso "força mental" para ultrapassar a situação
que vive, sendo que a "mentalidade" de atleta "ajuda" a ultrapassar esta
fase. "Resiliência é o que é preciso
agora. Mas acho que para estarmos no mundo do futebol temos de ter um
pouco isso e então a nossa mentalidade ajuda a passar essa fase",
destaca. O Santa Clara encontrava-se em 10.º lugar com 30 pontos, aquando da suspensão da I Liga devido à Covid-19, a 12 de março.