Joaquim Evangelista acusa SAD do Aves de se aproveitar da pandemia
23 de jul. de 2020, 17:14
— Lusa/AO Online
Em
declarações à margem do 18.º Estágio do Jogador, em Odivelas, o líder
do SJPF reiterou que a grave crise financeira que afeta o último
classificado da I Liga “é um caso de polícia” e manifestou a convicção
de que a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e “as entidades
competentes já estarão a acompanhar” a situação do emblema avense.“Não
tem havido casos de salários em atraso na I e na II Liga com esta
dimensão. Em março, foi realizado o controlo financeiro e havia cinco
clubes em incumprimento. Desses cinco, só um não regularizou: o Aves,
invocando a pandemia e que o dinheiro vinha da China e não era possível
pagar – uma desculpa de mau pagador, porque, do ponto de vista
estrutural, já havia indícios de má gestão. Estas circunstâncias
especiais da pandemia condicionaram a eficácia do mecanismo e o Aves
aproveitou-se desse fator para não pagar aos jogadores”, referiu.Sobre
a situação pessoal dos jogadores do Desportivo das Aves, que já viu
nove jogadores rescindirem o respetivo contrato de trabalho, Joaquim
Evangelista explicou que em março nenhum atleta quis acionar o fundo de
garantia salarial do SJ, porque “queriam rescindir contrato com justa
causa e garantir que o fundamento se mantinha”. No entanto, adiantou que
o primeiro pedido de apoio por parte de um jogador chegou esta
quarta-feira.Por outro lado, o líder do SJ
não descartou uma revisão do mecanismo de controlo do cumprimento
salarial dos clubes, mas preferiu centrar as atenções em “casos
excecionais” de clubes que já recorreram a processos especiais de
revitalização (PER) e que, por força desse instrumento, continuam a
competir, apesar da falta de capacidade financeira.“É
mais grave e acaba por, estruturalmente, afetar as competições, na
medida em que muitos não têm capacidade financeira, mas continuam a
contratar como se nada fosse, apesar de manterem as dívidas. Cria
assimetrias e problemas estruturais graves que é preciso atacar”,
observou, sublinhando: “Não há igualdade entre os competidores”. O
Desportivo das Aves, já despromovido à II Liga, despede-se do
campeonato com a visita ao Portimonense, num encontro da 34.ª jornada,
que será arbitrado por Hugo Miguel, da Associação de Lisboa.A
SAD, liderada por Wei Zhao, ameaçou na sexta-feira faltar à partida
marcada para domingo, às 19:30, no Portimão Estádio, de forma a
“salvaguardar a transparência na luta pela permanência”, receando “não
reunir jogadores suficientes e que garantam uma equipa competitiva”.Cinco
dias depois, a administração recuou na intenção e frisou “estar a
desenvolver todos os esforços” para assegurar a visita do Desportivo das
Aves ao Algarve e “terminar a temporada com a dignidade e respeito que a
instituição merece”, após a direção de António Freitas referir que já
estava a tratar da preparação logística do encontro.Os
nortenhos começaram hoje a preparar o embate com o Portimonense, 17.º e
penúltimo colocado e primeiro clube abaixo da zona de salvação, com 30
pontos, que luta com Vitória de Setúbal (16.º, com 31 pontos) e Tondela
(15.º, com 33) pela permanência.