João Vieira levou “balde de água fria” com decisão sobre marcha
Paris2024
10 de abr. de 2023, 10:15
— Lusa/AO Online
“Neste
momento, o que se está a ver é que os marchadores não estão de acordo
com o que a World Athletics quer fazer. Não fomos ouvidos e isto é, em
princípio, o início do fim da marcha em termos de Jogos Olímpicos”,
declara o marchador luso.Vieira de 47
anos, preparava-se para continuar a correr longa distância, ainda que já
não os 50 quilómetros, já só disputados por homens em Tóquio2020, mas
os 35 numa corrida coletiva mista – e não a solo como nos Mundiais.Agora,
face à inclusão no programa olímpico pela World Athletics (WA) de uma
estafeta mista com a distância da maratona (42,195 quilómetros),
sente-se ‘forçado’ a voltar aos 20 quilómetros, dos quais se tinha
despedido nos Jogos Olímpicos Rio2016. “Foi
uma decisão da WA, vamos esperar pelos próximos episódios. Neste
momento, esta competição não existe em lado nenhum. Dizem que isto é uma
prova bastante popular em corrida, mas não é na marcha. É uma falta de
respeito que têm para com os marchadores que tinham vindo a trabalhar
para os 35 km neste ciclo olímpico”, critica.O
vice-campeão do mundo nos 50 quilómetros em Doha2019 e quinto em
Tóquio2020 manifesta vontade de “esperar pelo que decidem” e quer que
sejam definidos e anunciados “mais critérios para apuramento das equipas
que vão” a Paris2024.“No caso de um
atleta como eu, que há muitos por este mundo fora, que nos últimos anos
têm trabalhado as grandes distâncias, é um balde de água fria. Mas, no
meu caso, não vou baixar os braços e vou continuar o meu sonho de voltar
a representar o meu país nos Jogos Olímpicos, porque ainda há a
distância dos 20 km e a estafeta”, afirma.Depois
de ter disputado cinco Jogos Olímpicos, as três últimas na distância
mais longa, Vieira admite que esta decisão pode constituir um “passo
bastante atrás” devido a esta “falta de respeito”.O
histórico atleta nacional, com sete presenças em Europeus e duas
medalhas em Mundiais, prata em 50 km e bronze em 20 km em Moscovo2013,
não se conforma com a adaptação a uma forma que, se é “uma promoção
acarinhada na corrida, nunca o foi na marcha”, conseguindo com a mudança
que se “tire a história da marcha nos Jogos Olímpicos”.“Neste
momento, o melhor que temos a fazer é juntar os marchadores e
treinadores de marcha, fazer uma petição e entregar à WA a dizer que
estamos em desacordo com esta fórmula que vão entregar ao Comité
Olímpico Internacional (COI)”. A decisão,
anunciada na sexta-feira pela World Athletics, organismo que rege o
atletismo mundial, e pelo COI, faz com que a distância mais longa da
marcha desapareça das grandes competições, e se passe apostar num
percurso de maratona (42,195 km), dividido por quatro atletas. Serão
25 seleções em competição, cada uma composta por um atleta masculino e
um feminino, que completarão a distância em quatro etapas de distância
aproximadamente igual. Cada atleta completará duas etapas de pouco mais
de 10 quilómetros cada, alternando masculino, feminino, masculino,
feminino.O evento será realizado no mesmo
percurso que os eventos individuais de marcha atlética, de 20
quilómetros, junto à Torre Eiffel, no centro de Paris, e será concluído
em cerca de três horas. As regras de qualificação para o novo evento vão ser publicadas em breve.