João Henriques diz que retoma do campeonato defendeu a verdade desportiva
9 de jul. de 2020, 07:07
— LUSA/AO online
Em entrevista à agência Lusa, o treinador
afirma que a solução encontrada para a retoma da I Liga garante a
verdade desportiva, mas deixa espaço a algumas dúvidas. "Não
sabemos o que aconteceria se não tivesse existido a pandemia em termos
de desenrolar do campeonato. Há verdade desportiva, porque todos jogaram
contra todos, somam-se os pontos e temos uma classificação. Se se
terminasse a 10 jornadas do fim ficaria sempre o sentimento de injustiça
quando havia 30 pontos em disputa. Esses 30 pontos, como se está a ver,
modificam muita coisa. Mas claro que este será sempre o campeonato da
pandemia", admite o treinador.Sobre a
solução encontrada para o Santa Clara, que se mudou de armas e bagagens
de Ponta Delgada para a Cidade do Futebol, em Oeiras, João Henriques
diz-se orgulhoso da postura que o clube assumiu ao longo de todo o
processo."Quisemos ser parte da solução e
não um problema. Fomos a única equipa que assumiu jogar dez jogos fora
de casa, sem problema algum. Não estamos arrependidos e só temos pena de
não estarmos perto dos nossos adeptos", afirma o treinador.Sobre
as seis semanas que os açorianos já levam de estadia em Oeiras, o líder
da equipa admite que a ausência das famílias e amigos é o que mais
custa a todos e que foi por isso mesmo que nos últimos dias o clube
possibilitou aos jogadores terem esse contacto."Esta
fase no continente não tem sido nada fácil. É muito difícil, sobretudo
em termos mentais. Sentimos muito isso nas duas últimas semanas e, por
isso, no último fim de semana decidimos deixar os jogadores irem ter com
as suas famílias, sempre com muita cautela e máxima responsabilidade.
Decidimos para bem do grupo arriscar e deixar que os jogadores fossem
para junto das famílias", revela João Henriques, que explica que
permitir aos jogadores "desligar" da rotina do futebol já trouxe ganhos
na semana de trabalho que agora termina."Eles vieram rejuvenescidos e prontos para esta sequência de jogos que vamos ter até final", garante o técnico.A
viver a primeira temporada em Portugal, Lincoln, médio ofensivo que o
Santa Clara foi buscar ao Brasil, assume que o principal constrangimento
desta solução é "estar impossibilitado de ver a família", mas reitera
que sempre quis regressar aos relvados para concluir as jornadas do
campeonato que faltavam."Queria que o
campeonato retomasse, embora jogar sem o público e estar sem a família
seja complicado. Mas temos de estar concentrados e com determinação para
que isso não nos atrapalhe. Temos de nos focar e terminar a temporada,
pois o campeonato ainda não acabou", lembra o brasileiro.Com família e amigos do outro lado do oceano Atlântico, Lincoln assume que vê com preocupação as notícias que chegam do Brasil."É
uma situação delicada, que deve ser levada a sério, o que não aconteceu
desde o início no Brasil. Por isso há muitos casos lá, mas temos de
abrir os olhos porque é uma situação complicada e preocupante", diz o
médio, que no currículo tem já uma Taça dos Libertadores ganha com a
camisola do Grémio de Portalegre.O Santa Clara, com 38 pontos, é atualmente o décimo classificado da I Liga.