João Galamba nega "ter roubado poder" a ministro com alteração de portaria
Governo/Crise
13 de nov. de 2023, 12:19
— Lusa/AO Online
O Correio da Manhã (CM) noticia esta segunda-feira que João Galamba enquanto secretário de Estado da Energia, “retirou
poder de decisão ao ministro da Economia, António Costa e Silva para,
segundo o Ministério Público, beneficiar a empresa Start Campus no
centro de dados em Sines”.O jornal escreve
que João Galamba “roubou” o poder de decisão ao ministro da Economia,
António Costa e Silva, através da portaria n.º 248/2022, de 29 de
setembro, que passou a atribuir ao secretário de Estado da Energia o
poder de autorizar para outros fins a utilização dos terrenos e
infraestruturas da REN em detrimento do ministro da Economia como
estabelecia a portaria n.º 96/2004,de 23 de janeiro, e alargou também a
amplitude desses fins.Em declarações hoje à CMTV, João Galamba diz que a notícia “é falsa, mentirosa e uma impossibilidade jurídica”.“Qualquer
jurista sabe que isto é uma impossibilidade porque não é possível um
secretário de Estado retirar poder a quem quer que seja por portaria.
(…) Eu já tenho essa competência, não roubo nada a ninguém. Essa
alteração limita-se a dizer: onde se lia antes ministro da Economia
passa a ler-se o responsável pela pasta da Energia, que nos termos do
decreto-lei é o ministro que na orgânica concreta de um Governo tem a
pasta da Energia, que pode ser o ministro da Economia ou outro qualquer.
Por acaso naquele Governo era o ministro do Ambiente e eu tinha
competências ligadas como secretário de Estado”, explica. “Qualquer pessoa que perceba de direito e saiba ler portarias e conheça uma lei orgânica de governo percebe isso”, insiste.Segundo
o jornal, a alteração da portaria visou, segundo o Ministério Público,
um objetivo: “permitir que as infraestruturas de passagem de gás da REN
fossem utilizadas também para passar cabo de fibra ótica, o que
permitiria facilitar as ligações de dados ao ‘data center’
designadamente às provenientes de cabos submarinos”.O
jornal diz também que as “escutas telefónicas indiciam que a alteração
feita na portaria foi ‘redigida por pessoas ao serviço da Start Campus
no interesse desta’ e aprovada pelo então secretário de Estado João
Galamba a pedido de Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, dirigentes da
Start Campus e arguidos no processo”.A
operação de terça-feira do Ministério Público assentou em pelo menos 42
buscas e levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório: o chefe
de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara
de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start
Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda
Machado, amigo de António Costa.No total,
há nove arguidos no processo, entre eles o ministro das Infraestruturas,
João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno
Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS João Tiago Silveira e a
empresa Start Campus.Na investigação aos
negócios do lítio, hidrogénio verde e do centro de dados de Sines,
segundo Ministério Público (MP), podem estar em causa os crimes de
prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e
tráfico de influência.António Costa é alvo
de uma investigação do Ministério Público (MP) no Supremo Tribunal de
Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo
para desbloquear procedimentos nos negócios investigados.Na
sequência desta operação, o primeiro-ministro apresentou a demissão e o
Presidente da República decidiu convocar eleições legislativas
antecipadas para 10 de março de 2024.