João Galamba ministro das Infraestruturas e Marina Gonçalves ministra da Habitação
2 de jan. de 2023, 17:07
— Lusa/AO Online
“O Presidente da República aceitou a proposta
do primeiro-ministro da criação do Ministério das Infraestruturas e do
Ministério da Habitação, por divisão do Ministério das Infraestruturas e
da Habitação, e aceitou a proposta do primeiro-ministro de nomeação de
João Saldanha de Azevedo Galamba, como Ministro das Infraestruturas, e
de Marina Sola Gonçalves, como Ministra da Habitação”, lê-se na página
oficial da Presidência da República.Com
esta opção, o líder do executivo separa as pastas das Infraestruturas e
da Habitação, áreas que até agora foram acumuladas pelo ministro
cessante Pedro Nuno Santos.Neste XXIII
Governo Constitucional, João Galamba tem desempenhado as funções de
secretário de Estado do Ambiente e da Energia, enquanto Marina Gonçalves
tem exercido o cargo de secretária de Estado da Habitação.Tanto João Galamba, como Marina Gonçalves, são destacados socialistas considerados próximos de Pedro Nuno Santos.Marina
Gonçalves, natural de Caminha e licenciada em Direito, foi assessora de
Pedro Nuno Santos quando este desempenhou as funções de secretário de
Estado dos Assuntos Parlamentares e foi vice-presidente do Grupo
Parlamentar do PS na anterior legislatura.João
Galamba, natural de Lisboa, licenciado em Economia, tem doutoramento em
Ciência Política na London School of Economics. No período de liderança
de António José Seguro no PS, entre 2011 e 2014, fez parte do chamado
grupo dos “jovens turcos”, juntamente com Pedro Nuno Santos, Pedro
Delgado Alves e Duarte Cordeiro.Pedro Nuno
Santos, agora substituído por João Galamba e Marina Gonçalves,
demitiu-se das funções de ministro das Infraestruturas e da Habitação na
passada quarta-feira à noite para “assumir a responsabilidade política”
do caso da indemnização de 500 mil euros paga pela TAP à ex-secretária
de Estado do Tesouro Alexandra Reis.A
demissão de Pedro Nuno Santos foi a terceira ocorrida no Governo na
última semana de dezembro e a 11.ª a atingir um membro do executivo
socialista de maioria absoluta.Em 27 de
dezembro, o ministro das Finanças, Fernando Medina, demitiu Alexandra
Reis das funções de secretária de Estado do Tesouro, menos de um mês
depois de a ter convidado para este lugar no Governo e ao fim de quatro
dias de polémica com a indemnização de 500 mil euros que esta gestora de
carreira recebera da TAP, empresa então tutelada por Pedro Nuno Santos.Alexandra
Reis recebeu uma indemnização por sair antecipadamente, em fevereiro,
de administradora executiva da transportadora aérea. Em junho, foi
nomeada pelo Governo para a presidência da Navegação Aérea de Portugal
(NAV) e em dezembro assumiu as funções de secretária de Estado do
Tesouro. A decisão de indemnizar
Alexandra Reis, noticiada pelo Correio da Manhã, foi criticada por toda a
oposição e, inclusivamente, por vários dirigentes do PS, e posta em
causa pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.Após
o anúncio da saída de Alexandra Reis, o secretário de Estado das
Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, que acompanhou esse processo junto
da TAP, também pediu a demissão do Governo, o que levou logo a seguir
Pedro Nuno Santos a solicitar ao primeiro-ministro a sua exoneração do
executivo.Na sequência deste caso, a
Iniciativa Liberal formalizou a apresentação de uma moção de censura ao
Governo, na Assembleia da República, onde o PS tem maioria absoluta.Desde
o início de funções do atual Governo, em 30 de março passado, a saída
de Pedro Nuno Santos é considerada a mais relevante do ponto de vista
político, não só por causa da complexidade das pastas sob a sua
responsabilidade, como também pelas consequências na vida interna do PS.Pedro
Nuno Santos, cabeça de lista em Aveiro pelo PS nas últimas eleições
legislativas e apontado como um potencial sucessor de António Costa na
liderança dos socialistas, regressa agora ao seu lugar de deputado na
Assembleia da República.Antigo líder da JS
entre 2004 e 2008, Pedro Nuno Santos esteve ao lado de António Costa
nas eleições primárias do PS em 2014, em que o atual líder socialista
substituiu António José Seguro como candidato a primeiro-ministro nas
eleições legislativas de 2015.Com o PS no
Governo, o antigo secretário-geral da JS, conotado com a ala esquerda do
seu partido, foi depois, entre 2015 e 2019, secretário de Estado dos
Assuntos Parlamentares, onde desempenhou um papel considerado
fundamental na coordenação do primeiro executivo minoritário de António
Costa com os partidos da chamada “Geringonça”: Bloco de Esquerda, PCP e
PEV.Natural de São João da Madeira e
licenciado em Economia, Pedro Nuno Santos desempenhava desde fevereiro
de 2019 o cargo de ministro das Infraestruturas e da Habitação.No
fim de junho, esteve em vias de ser demitido pelo primeiro-ministro,
depois de o seu Ministério ter feito publicar uma portaria sobre a
localização do novo aeroporto de Lisboa, diploma que António Costa
revogou e que motivou um pedido público de desculpas por parte de Pedro
Nuno Santos.