João Ferreira acusa Marcelo de estar "do lado da desvalorização do trabalho"
Presidenciais
29 de dez. de 2020, 14:38
— Lusa/AO Online
“Nós
precisamos de um Presidente da República que use todo o peso da sua
intervenção pública para valorizar o trabalho e os trabalhadores. Não
precisamos de um Presidente que coloque todo o peso das suas
intervenções públicas e do exercício dos seus poderes do lado contrário,
da desvalorização do trabalho. E foi isso que aconteceu algumas vezes
no passado”, declarou hoje o candidato a Belém apoiado pelo PCP.João
Ferreira falava à agência Lusa no final de um encontro com o
ex-secretário-geral da CGTP-IN, Manuel Carvalho da Silva, na zona do
Campo Grande, em Lisboa.O eurodeputado
comunista sustentou a sua crítica a Marcelo Rebelo de Sousa com exemplos
como “quando o Presidente da República teve intervenções que procuraram
conter a necessária valorização do salário mínimo nacional”.“Não
me esqueço que há um ano o Presidente estava a dizer que 635 euros era
um valor razoável para o salário mínimo nacional”, apontou o candidato,
que também criticou as promulgações de Marcelo à legislação laboral “sem
sequer pedir a fiscalização prévia pelo Tribunal Constitucional, que,
por exemplo, deixaram mais vulneráveis os jovens à procura do primeiro
emprego”.“Daquele que jura cumprir e fazer
cumprir a Constituição espera-se que seja consequente com esse
juramento e que use os seus poderes para garantir que aquilo que ali
está seja uma realidade na vida das pessoas, de todas as pessoas do
país. Os poderes do Presidente foram usados para o contrário”, rematou.Quanto
ao encontro com Manuel Carvalho da Silva, João Ferreira agradeceu o
apoio do ex-secretário-geral da CGTP-IN, acreditando que este irá
“fortalecer a importância” que a sua candidatura atribui às questões
laborais.O também vereador da Câmara
Municipal de Lisboa adiantou que na conversa com Carvalho da Silva foram
abordadas várias “inquietações vivas” causadas pela pandemia da
covid-19, que apontam para uma “progressiva desregulação das relações
laborais”.À Lusa, Manuel Carvalho da Silva
considerou que a candidatura de João Ferreira é a que, à esquerda,
defende de forma “fundamentada” as questões laborais, salientando que a
pandemia veio trazer uma “aceleradíssima quebra” de condições no
trabalho.Sobre a reunião marcada por
Marcelo Rebelo de Sousa com os partidos, no próximo dia 04 de janeiro,
para discutir uma possível renovação do estado de emergência, João
Ferreira disse que a sua posição contra “não se alterou” e que vê com
preocupação um “prolongar indefinido de um estado de exceção”.As próximas eleições presidenciais realizam-se no dia 24 de janeiro de 2021.