João Almeida admite que adversários já contam consigo para a vitória final
Giro
19 de out. de 2020, 15:50
— Lusa/AO Online
A desfrutar do segundo dia de descanso na sua
primeira competição de três semanas, o jovem líder da prova, de 22 anos,
admitiu que era “normal” que os seus adversários pensassem que a sua
liderança, conquistada logo na segunda etapa, seria temporária, e que
ele próprio está surpreendido por manter-se na liderança.“Isso
mudou, sim. Vamos ver como é que esta semana corre”, limitou-se a dizer
quando questionado sobre se a concorrência já o tinha em conta, numa
conferência de imprensa realizada através de uma plataforma digital
online.Ainda assim, o ciclista natural das
Caldas da Rainha referiu que continua a não acreditar que pode vencer o
Giro e que só o fará “se chegar ao último dia” com a camisola rosa
vestida, algo que só acredita ser possível “se mantiver a consistência”.“Se
tiver um dia mau, não há muito que possa fazer. É uma surpresa ainda
estar com a camisola rosa, sem dúvida, mas acho que se mantiver a
consistência, talvez seja possível. Mas nunca fiz um grande ‘tour’, por
isso é imprevisível. Creio que se continuar com esta consistência será
sempre possível, mas muito difícil”, assinalou João Almeida.Antevendo
uma última semana de corrida “muito dura”, Almeida garantiu que “não há
um plano” para abordar o que falta da corrida como um todo e que a
estratégia passará por “ir vendo dia a dia todas as etapas”, que vão
endurecer na última semana da competição, mas são do seu agrado.“Pessoalmente,
gosto deste tipo de etapas, duras, com várias subidas longas. Mas já
temos duas semanas nas pernas, vão ser etapas com mais de 200
quilómetros e sem dúvida que vai ser um desafio. E eu gosto de
desafios”, comentou.E, num momento em que a
corrida vai endurecer, tem dado que falar a forma como João Almeida
teve de defender sozinho a camisola rosa na 15.ª etapa, depois de
‘descolar’ do grupo onde seguia o seu principal perseguidor, o holandês
Wilco Kelderman (Sunweb).Nesse aspeto, o
português saiu em defesa dos seus companheiros, ressalvando que “o
Kelderman teve um dia super”, que “eles estavam bem, mas não àquele
nível” e garantindo estar “muito grato por tudo o que fizeram até
agora”.“Sinto que tenho feito história e
estou muito orgulhoso da minha equipa pelo trabalho que tem feito.
Fazerem mais é impossível. Ontem [domingo] senti-me muito bem e ali é
mesmo uma questão de capacidade. Simplesmente, quando o [Wilco]
Kelderman e o Jai [Hindlei] aceleraram, não tive pernas para seguir e
era indiferente estar com um colega ou não”, desvalorizou o líder do
Giro.Sobre esse momento e o sofrimento que
passou nos últimos quilómetros da etapa, João Almeida confessou que,
quando viu os adversários arrancar, ainda pensou que “conseguiria fechar
o espaço”, mas depois foi “tentar perder o menos possível”.“O
sofrimento faz parte, é passar aquela barreira mental, ir além dos
limites. Para mim, é a partir daí que se começa a sofrer, porque ao
sofrimento físico já estamos habituados. A mente é que manda, a dor
física é tolerável, mas a mental é complicada”, confessou.João
Almeida lidera a Volta a Itália no segundo dia de descanso da
competição, após 15 etapas cumpridas, com uma vantagem de 15 segundos
para o holandês Wilco Kelderman (Sunweb).A
corrida será retomada na terça-feira, para uma semana que será marcada
por etapas longas e com muitas contagens de montanha, terminando no
domingo, com a chegada a Milão.