Joacine lança ‘site’ e afirma que “política representativa” não se encerra nos partidos
7 de out. de 2020, 11:06
— Lusa/AO Online
O
‘site’, lançado esta manhã, tem como objetivo divulgar o trabalho
político da atual deputada não inscrita, após a eleição nas legislativas
de 2019 pelo Livre, partido que Joacine já não representa desde
fevereiro deste ano.Na plataforma estão
disponíveis para consulta todas as iniciativas legislativas já
apresentadas pela deputada, bem como o trabalho feito no âmbito das
comissões parlamentares, subcomissões e grupos de trabalho das quais
Katar Moreira faz parte.Podem ainda
encontrar-se no ‘site’, em https://www.joacinekatarmoreira.pt,
intervenções, perguntas e requerimentos enviados ao governo, votos e
declarações de votos bem como a biografia e habilitações literárias de
Joacine Katar Moreira.O ‘site’ conta
também com um espaço dedicado a artigos de opinião, estando para já
disponível um texto intitulado “Decrescimento para alcançar a justiça
social e ambiental”, escrito por Hans Eickoff – médico de profissão que
se candidatou às primárias do Livre em 2019.Um
ano depois de ter sido a primeira mulher negra a encabeçar uma lista em
eleições para a Assembleia da República, Joacine Katar Moreira
apresenta “um compromisso com o eleitorado”, afirmando que a sua
condição como deputada não inscrita lhe dá a oportunidade de “inaugurar
uma forma de fazer política representativa”.“Hoje,
a minha presente condição de deputada sem partido dá eco à oportunidade
de inaugurar uma forma de fazer política representativa, que,
balizando-se histórico-ideologicamente, não se encerra numa estrutura
partidária e ambiciona representar uma maior pluralidade de vozes na
Assembleia da República, característica da sociedade diversa que somos”,
pode ler-se no manifesto de apresentação do ‘site’.Ainda
assim, a deputada apresenta-se hoje “como em outubro de 2019” e lembra
que na campanha para as eleições legislativas se bateu pela
“amplificação dos direitos sociais, da luta antirracista, feminista
intersecional e ambientalista”, causas sintetizadas no slogan de
campanha “justiça social é justiça climática”.Definindo-se
como uma deputada feminista intersecional, antirracista “na teoria e na
práxis”, ambientalista, “não-belicista” e “anti-colonial”, Joacine
Katar Moreira considera que “a política não é uma corrida” mas sim “um
caminho a percorrer coletivamente e democraticamente” através de
“colaboração, reparação e empatia”.No
manifesto apresentado a deputada sublinha a importância da cultura
(exigindo a sua “descolonização”), do ensino público e gratuito, dos
direitos dos trabalhadores (para os quais exige “um salário mínimo
dignificante”), do Serviço Nacional de Saúde e do direito à habitação.“Os
desafios que enfrentamos hoje a vários níveis, quer do ponto de vista
das prioridades e decisões políticas, quer do ponto de vista sanitário,
social, mental, económico- financeiro e ambiental, exige-nos mudanças
profundas a operar em todos estes domínios. Mudanças que serão tanto
coletivas quanto individuais, mas que se prendem com a necessidade de
reforço dos valores de uma esquerda igualitária e intersecional, para
que possa crescer e dar resposta aos problemas que enfrentamos”,
sustenta o manifesto divulgado.A 31 de
janeiro, a 44ª Assembleia do Livre decidiu retirar confiança política a
Joacine Katar Moreira, primeira e única deputada eleita pelo partido à
Assembleia da República, que passou a exercer o seu mandato como
deputada não inscrita.Na sua primeira
aparição pública após a decisão do Livre, Joacine afirmou que nasceu
para estar na Assembleia da República e que iria “continuar a trabalhar
com a confiança de uns e sem a confiança de outros”.