Jerónimo de Sousa preocupado pede aposta na produção nacional
7 de jul. de 2020, 12:39
— LUSA/AO online
“São previsões preocupantes, que demonstram o
que se passou no Orçamento suplementar, em que é necessário medidas
urgentes para repor o equilíbrio das pequenas e médias empresas”,
afirmou Jerónimo de Sousa, em declarações aos jornalistas, durante uma
visita a uma cultura de trigo, no Cadaval, distrito de Lisboa.Para
o secretário-geral do PCP, se o país não produzir mais, e se não se
confiar "na expansão do mercado interno, naturalmente as previsões até
se podem agravar”.O líder comunista
sublinhou que a crise provocada pela pandemia da covid-19 veio
intensificar “a necessidade de rutura com esta política de dependência
do exterior e de aumento da produção nacional”, como forma de valorizar a
soberania nacional, tema que o PCP leva a debate em plenário, na
quarta-feira.A estratégia para o comunista está em “procurar outros caminhos” além do turismo e "não apontar para este ou aquele setor”.Jerónimo de Sousa deu o exemplo da agricultura e, em concreto, da produção de trigo.“Hoje
só produzimos trigo para duas semanas num ano inteiro, o que demonstra a
dependência do estrangeiro em relação a um bem essencial, no caso
concreto o pão”, disse, sublinhando que existem “possibilidades imensas,
capacidades de produzir cá o que nos obrigaram a comprar lá fora”.No
caso do trigo, alertou que os agricultores têm dificuldades em escoar a
produção e em armazená-la, motivo pelo qual grande parte da produção
nacional de trigo vai para o fabrico de rações.A
Comissão Europeia agravou hoje as suas previsões económicas para
Portugal este ano face aos choques da covid-19, estimando agora uma
contração de 9,8% do PIB, muito acima da anterior projeção de 6,8% e da
do Governo, de 6,9%.Nas previsões
intercalares de verão hoje divulgadas, o executivo comunitário reviu em
baixa as projeções macroeconómicas, já sombrias, da primavera para o
conjunto da zona euro e da UE, mas mostra-se particularmente mais
pessimista relativamente a Portugal, ao agravar a projeção de recessão
em três pontos percentuais, apenas parcialmente compensada em 2021 com
um crescimento de 6,0% (neste caso ligeiramente mais otimista do que os
5,8% antecipados na primavera).O executivo
comunitário espera então agora uma contração em Portugal acima da média
da zona euro (-8,7%) e da UE (-8,3%), quando há dois meses estimava que
ficasse abaixo, ao antecipar uma queda da economia portuguesa de 6,8%,
contra 7,7% no espaço da moeda única e 7,6% no conjunto dos 27
Estados-membros.