Jerónimo de Sousa diz que Conferência sobre o Futuro da Europa foi uma farsa

21 de mai. de 2022, 18:50 — Lusa /AO Online

“O cardápio de objetivos recentemente saído da farsa que foi a chamada Conferência sobre o Futuro da Europa comporta perigos reais para países como Portugal”, sublinhou.No encerramento da 10.ª Assembleia da Organização Regional de Coimbra, que decorreu esta tarde na Casa do Cinema de Coimbra, o líder do PCP disse estar a preparar-se a “usurpação de ainda mais poder aos Estados e sua concentração e centralização nas instituições da União Europeia, sob o domínio das principais potências e dos grandes interesses económicos”.“Sabem que atacar as soberanias nacionais, esvaziar os centros de poder nacionais, mais próximos dos povos, e que estes mais diretamente controlam, constitui a forma de, mais facilmente, lhes impor políticas contrárias aos seus interesses”, referiu.De acordo com o líder comunista, as relações de poder entre Estados ficarão mais desequilibradas “com o fim do princípio da unanimidade”, incluindo “em domínios tão importantes como a fiscalidade, as questões de defesa ou política externa, que tocam no âmago da soberania dos Estados”.“A regra da unanimidade coloca em pé de igualdade no processo de decisão todos os Estados-Membros, sendo garantia de que nenhuma decisão será imposta contra os interesses de um Estado ou grupo minoritário de Estados”, justificou.Ao longo da sua intervenção de cerca de 25 minutos, o secretário-geral do PCP acusou a “União Europeia da Saúde” de querer entregar os serviços públicos de saúde aos grupos económicos.“É sintomático que, nas propostas agora apresentadas, se admita, à partida, o princípio do pagamento pelo utente dos cuidados de saúde, se defenda a intromissão da União Europeia numa área que é da competência exclusiva dos Estados”, alegou.No seu entender, Portugal está também a ser empurrado para “a voragem do militarismo” e “da corrida aos armamentos”.“Gastam aqui o dinheiro que dizem não haver para o investimento no combate à pobreza e às desigualdades, no reforço do tecido produtivo e da criação de emprego, na proteção do ambiente”, sustentou.Perante isto, Jerónimo de Sousa defendeu que Portugal precisa de uma outra política de desenvolvimento económico e social.“Uma política de desenvolvimento verdadeiramente alternativo, patriótica e de esquerda, liberta dos condicionamentos externos de submissão à União Europeia e ao capital monopolista, aos constrangimentos do Euro, das suas regras, com a recuperação de instrumentos de soberania”, evidenciou.A ocasião serviu também para pedir, aos militantes, um PCP mais forte, reforçado e mais capaz de intervir.“Se aqui referimos a importância do reforço do PCP é porque temos a firme convicção que um partido mais forte, mais reforçado faz falta ao povo português”, concluiu.