Jerónimo de Sousa alerta para segundo mandato de Marcelo à direita “ainda mais explícito”
Presidenciais
25 de jan. de 2021, 12:26
— Lusa/AO Online
“O
resultado [de Marcelo Rebelo de Sousa] coloca a possibilidade real de,
para lá da palavras, o agora reeleito Presidente da República exercer
um segundo mandado com um alinhamento agora ainda mais explícito com os
objetivos e interesses e agenda de direita, que nunca deixou de estar
presente em importantes decisões adotadas no desempenho das suas
funções”, considerou o secretário-geral do PCP, que apoiou o candidato
presidencial João Ferreira.Para o líder
comunista, a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa “à primeira volta,
traduz o resultado expectável de uma elaborada promoção deste candidato
que, para além da vantagem ímpar decorrente do exercício das funções
presidenciais, beneficiou da fabricação de um unanimismo ensaiado,
suportado num posicionamento promovido e propagandeado metódica e
continuadamente”.Destas eleições,
continuou, “emergem valores e significados próprios da candidatura de
João Ferreira, candidatura que colocou como nenhuma outra o valor do
trabalho e dos trabalhadores, dos serviços públicos e da liberdade e da
democracia, no centro da sua intervenção e que deu, como nenhuma outra,
conteúdo e significado ao que a Constituição da República representa”. Jerónimo
de Sousa elogiou ainda a campanha do também eurodeputado comunista, que
“afirmou os valores de abril” e que “com frontalidade identificou as
erradas opções do atual Presidente da República”. “Uma
candidatura que manteve sempre a elevação no debate político,
centrando-o no que estava em causa nestas eleições, com a força, a
clareza da serenidade, do rigor, da convicção, da coragem e da
confiança”, vincou. O dirigente do PCP
confessou que a votação ficou “aquém do valor que a candidatura exigia
para dar expressão distinta ao que estas eleições envolviam e quanto
nelas se decidia”, indiciando “um resultado idêntico, com ligeiro
progresso, relativamente à candidatura apoiada pelo PCP nas ultimas
presidenciais”. “Um resultado que se
verificou no quadro da prevalência de fatores dispersivos com a promoção
dada a elementos acessórios em detrimento dos substancial e
despropositada centralidade dada a falsas disputas sobre segundos
lugares”, criticou. Jerónimo criticou o
que apelidou de “dramatização de uma segunda volta” e disse que “terá
pesado uma mais significativa abstenção entre camadas diversas da
população, decorrentes da covid-19 e dos elementos de agigantamento, dos
receios do exercício do direito de voto que marcaram as ultimas
semanas”.“Sem iludir os elevados níveis de
abstenção, a forma como decorreu o ato eleitoral desmentiu e sobretudo
derrotou as manobras e projetos dos que, a pretexto da epidemia e de uma
falsa invocação de saúde publica, ambicionaram impor um estado de
exceção, adiar as eleições e rever a Constituição da República”,
sublinhou.