Jardim Duque da Terceira é referência de Angra
Criado em 1882
23 de abr. de 2018, 09:48
— João Rocha
Trata-se
de um dos mais belos jardins clássicos dos Açores, criado em 1882,
por iniciativa do Governador Civil Afonso de Castro, ocupando uma
área de cerca de 17.500 m2.
Está
implantado nas antigas cercas dos Conventos Franciscano e Jesuíta
que se localizam nas proximidades.
O
“Tanque do Preto”, antigo tanque de rega da cerca, tendo, num dos
topos, uma híbrida estátua de negro com cocar de índio brasileiro
soprando água por um tubo e o conjunto de quatro painéis de
azulejos representativos da parábola do “Filho Pródigo”, de
fabrico lisboeta de c. 1740, representam dois interessantes
testemunhos franciscanos.
Deve a
sua conceção original ao agrónomo belga Francisco José Gabriel.
Desde o seu início, foram várias as estéticas aplicadas, sejam o
rústico, geometrizado francês e romântico inglês, com uma
maravilhosa mata de que restam poucos exemplares, formando um
requintado mosaico cultural.
À volta
do coreto, no plano mais baixo, ainda hoje é privilegiado o tipo de
jardim francês.
A sua
construção foi, primeiramente, com o propósito de passeio público,
dando origem a um jardim de aclimatização devido às
características edafo-climáticas dos Açores, que proporcionam
condições excecionais para o desenvolvimento de plantas dos mais
variados quadrantes do mundo.
A grande
variedade de espécies botânicas do jardim dispõe-se ao longo da
encosta que, do centro da urbe, conduz ao alto da Memória, admirável
miradouro sobre a cidade e onde, em monumento com a forma de
obelisco, construído entre 1845 e 1856, se relembra D. Pedro IV e a
causa liberal.O lado
romântico
O
escritor/historiador Augusto Gomes considerou o Jardim Duque da
Terceira como a “principal zona verde a vivificar a população
citadina”.
No livro
“Filósofos da Rua”, já na quinta edição, enfatizou o lado
romântico associado ao espaço de lazer.
“A
juventude enamorada exterioriza em arroubamentos apaixonados,
arrulhando ternura nos recantos protegidos pelo frondoso arvoredo,
matizados pelas mais belas e exóticas flores numa rescendente
fragrância”, pormenorizou Augusto Gomes (1921/2003).
O Jardim
Municipal de Angra do Heroísmo também já inspirou emissões
filatélicas, além de servir de ilustração a emblemáticos
postais.
Mais
recentemente, em finais de 2012, foi lançado o livro “Do Jardim à
Memória”, num
convite a uma viagem pelo Jardim Duque da Terceira pela objetiva do
fotógrafo Paulo Garrão e publicado pela Blu edições.