Jardim diz que solução do Presidente da República é "desastrosa"

11 de jul. de 2013, 10:30 — Lusa/AO Online

  “A minha posição é aquela que tomei no início da crise. Este país neste quadro constitucional não tem solução possível e é bom que os portugueses se vão apercebendo disto. O Governo de salvação nacional no atual quadro constitucional não resolve nada”, disse Alberto João Jardim à agência Lusa e à TVI, comentando a comunicação ao país do Presidente da República. Jardim insistiu ser necessário “um governo de iniciativa presidencial”, devendo o país “viver num estado de emergência até o final da ´troika´” e realizado um referendo à Constituição. “Esta é a solução para o país. O resto, estar a anunciar que se faz eleições daqui a um ano acho isso desastroso, estar a propor aos partidos aquilo que eles não querem aceitar acho desastroso e não vejo a coligação também aceitar formar um governo a prazo”, opinou o líder madeirense. “Portanto, eu que tenho concordado sempre com o Senhor presidente da República, obviamente que desta vez não concordo”, sublinhou Alberto João Jardim, adiantando que esta solução apresentada por Cavaco Silva é “uma forma de agradar a todos”, o que diz ser impossível na vida. Segundo o governante insular, “o país está num impasse, o impasse não é governativo é de regime, o regime está num impasse”. Cavaco Silva propôs quarta-feira, numa comunicação ao país, um "compromisso de salvação nacional" entre PSD, PS e CDS que permita cumprir o programa de ajuda externa e que esse acordo preveja eleições antecipadas a partir de junho de 2014. O Chefe de Estado considerou também “extremamente negativo para o interesse nacional" a realização imediata de eleições legislativas antecipadas. Esta declaração surgiu depois de ter ouvido todos os partidos com representação parlamentar e com os parceiros sociais e na sequência do pedido de demissão apresentado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, no dia 02 de julho. Jardim rejeitou também a leitura de que a posição de Cavaco Silva constitui um “cartão vermelho” ao Governo, argumentando que “não compete ao PR apresentar cartões vermelhos ou amarelos em público, de mais a mais quando um governo (…) também se está a constituir”. O governante madeirense referiu que se pretende “dar a voz ao povo para se eleger governos, mas não se dá a voz ao povo para dizer em que regime constitucional quer viver”. “Isto é, o povo tem direito a andar a brincar aos partidos e às eleições, mas não tem direito de referendar a sua constituição como não referendou até agora”, concluiu, destacando que a Madeira vai avançar com uma proposta de revisão constitucional “mesmo que fique isolada”.