Japão planeia construir reatores nucleares de nova geração
24 de ago. de 2022, 09:54
— Lusa/AO Online
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida,
anunciou hoje que será feita uma reflexão em várias frentes, inclusive
sobre a possível construção de "reatores nucleares de nova geração", que
seriam um grande ponto de viragem para o Japão.As
autoridades japonesas também pretendem prolongar a vida útil dos seus
reatores acima de 60 anos, com o objetivo de reduzir as suas emissões de
CO2, de acordo com o plano anunciado hoje pela executivo japonês.Essas
propostas, que representam uma grande mudança na política do governo
japonês de não construir novas centrais nucleares, também incluem a
reativação de um total de 17 reatores para o próximo verão.As
medidas foram propostas por Kishida durante uma reunião do Governo
sobre a iniciativa "Transformação Verde". Até ao final do ano, ações
concretas deveram ser implementadas, segundo os meios de comunicação
locais."O Japão deve resolver os seus
problemas para o futuro enquanto promove a transformação energética",
disse Kishida durante a reunião de hoje.O
Ministério da Economia, Comércio e Indústria japonês está a estudar o
desenvolvimento de centrais nucleares de nova geração e publicou
anteriormente uma estratégia para atualizar reatores ativos com melhores
funções de segurança até 2030.O plano
também incluiria a extensão da vida máxima dos reatores para que possam
operar além de 60 anos, já que após o desastre de Fukushima foram
introduzidas medidas mais rígidas e esse número foi reduzido para 40.No
entanto, operar durante esses 20 anos extras só será possível se uma
série de melhorias de segurança forem realizadas e os reatores passarem
pelas revisões necessárias, com o objetivo do país aumentar o percentual
de fornecimento de eletricidade que consome de 20% para 22% ou 24%
através de energia nuclear.Em relação à
reativação das centrais nucleares, o Ministério também planeia ter um
total de 17 reatores nucleares em operação, incluindo 10 já aprovados
para operação, com o objetivo de melhor se preparar para um possível
desabastecimento de energia elétrica, especialmente nos meses de
inverno.O Japão entrou num "apagão
nuclear" após o acidente na central nuclear de Fukushima Daiichi,
desencadeado pelo terramoto e tsunami de março de 2011.O
Governo e a nova autoridade reguladora de energia atómica estabeleceram
critérios de segurança mais rígidos como resultado dessa crise que
obrigou todas as centrais do país a suspenderem as suas operações até
que atendessem aos novos padrões.No
entanto, apenas alguns reatores nucleares receberam o aval das
autoridades para voltar a funcionar, do total de 42 existentes em
condições técnicas para operar, mas que não passaram pelas novas normas
de segurança do regulador japonês ou foram reprovados pela Justiça.