Japão aprova estímulos de 117,5 mil milhões de euros para mitigar efeitos da inflação
Hoje 13:45
— Lusa/AO Online
"Implementaremos
uma despesa orçamental estratégica para proteger a vida da população e
construir uma economia sólida", afirmou a primeira-ministra em
declarações televisivas, depois de o Gabinete ter dado "luz verde" ao
pacote. Além de medidas de alívio para a
inflação a curto prazo, Takaichi revelou que o novo Executivo japonês
planeia impulsionar o investimento em setores-chave como a construção
naval e a inteligência artificial, investimentos estratégicos que visam
fortalecer o crescimento da quarta maior economia mundial.A
governante, que assumiu o cargo há um mês e é conhecida por sua postura
favorável a uma política expansionista, comprometeu-se a priorizar a
adoção de medidas para amenizar o impacto da inflação persistente no
país asiático num contexto de estagnação dos salários reais. O
índice de preços ao consumidor (IPC) do Japão subiu 3% em outubro,
revelou hoje o Governo japonês, continuando acima da meta de 2% do Banco
do Japão (BoJ) e mantendo o contexto para um aumento das taxas.Os
dados estatísticos chegam depois do governador do BoJ, Kazuo Ueda,
insistir na passada terça-feira, durante a primeira reunião com
Takaichi, na importância da inflação atingir os 2%.O
banco central do Japão aumentou as taxas de juro de referência pela
última vez em janeiro passado para 0,5%, o terceiro aumento em um ano,
que pôs fim a mais de uma década de taxas baixas com as quais o banco
central japonês tentou tirar o país de um longo ciclo deflacionário.Este
o ciclo de normalização foi, porém, interrompido enquanto o BoJ avalia
detalhadamente o impacto das tarifas dos EUA e o impacto do projeto de
estímulo económico, que Takaichi acaba de anunciar."O
que o Japão deve fazer agora não é enfraquecer a sua força nacional com
medidas de austeridade excessivas, mas reforçar o seu poder nacional
com políticas orçamentais proativas", afirmou hoje Takaichi. A
declaração deverá ecoar na sala do gabinete de política do BoJ. "Ao
mesmo tempo que promovemos uma economia forte e aumentamos a taxa de
crescimento, reduziremos o rácio dívida pública/PIB, alcançaremos a
sustentabilidade orçamental e garantiremos a confiança do mercado",
acrescentou a governante.Além de medidas
de alívio para a inflação a curto prazo, Takaichi revelou que o novo
Executivo japonês planeia impulsionar o investimento em setores-chave,
como a construção naval e a inteligência artificial, investimentos
estratégicos que visam fortalecer o crescimento economia.Para
financiar o pacote, o Executivo de Takaichi planeia elaborar um
orçamento suplementar de 17,7 biliões de ienes (97,5 mil milhões de
euros) para o ano fiscal em curso, que encerrará no final de março de
2026, e que marca o maior montante de estímulos económicos desde a
pandemia do coronavírus.Espera-se que o
volume total do pacote, somando os gastos dos governos locais e do setor
privado, ultrapasse os 42 biliões de ienes (231,5 mil milhões de
euros), de acordo com a agência de notícias local Kyodo, um aumento de
7,7% em relação ao valor do ano anterior.O
novo pacote de estímulos inclui medidas destinadas a sustentar a
economia perante da preocupação de que a agressiva política tarifária
dos Estados Unidos prejudique tanto as empresas quanto os particulares
e, consequentemente, o investimento corporativo e o consumo interno,
pilar do PIB japonês.As fontes de
financiamento provirão do aumento das receitas tributárias e não
tributárias, e qualquer défice será coberto com a emissão de títulos
dogoverno.O Executivo japonês pretende
aprovar o orçamento antes do encerramento da atual sessão extraordinária
da Dieta, o Parlamento nacional, em 17 de dezembro.Se
aprovado, o orçamento suplementar será 27% superior ao aprovado no ano
fiscal anterior pelo ex-primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que renunciou
em setembro.As perspetivas de um pacote de
estímulo económico em grande escala como o apresentado hoje provocaram
uma acentuada desvalorização do iene e dos títulos do Estado japonês
desde a chegada ao poder de Takaichi, que também não exclui a
possibilidade de intervenção no mercado monetário."Uma
vez elaborado o orçamento suplementar, prevê-se que o montante dos
títulos emitidos seja inferior ao do ano passado após a sua aprovação, e
a sustentabilidade fiscal foi plenamente considerada", disse.