Jaime Gama defende que Açores devem controlar conhecimento produzido na região
16 de jan. de 2019, 10:13
— Lusa/AO Online
Jaime
Gama falava na terça-feira, na conferência "Ultraperiferia vs
Autonomia", em Ponta Delgada, no âmbito do XXIV Encontro Fora da Caixa,
promovido pela Caixa Geral de Depósitos. O
atual presidente do conselho de administração da Fundação Francisco
Manuel dos Santos e do Novo Banco dos Açores salientou que “todas as
partes do mundo convergem aos Açores para fazer investigações e
pesquisas” e frisou que é fundamental “ter esses recursos" em mãos
açorianas "e não nas mãos de outros”.É
essencial “que nos Açores, e no país, haja a capacidade para conhecer,
não digo mais do que os outros ou primeiro que os outros, mas, pelo
menos, a nível igual aos outros, aquilo que são esses recursos, aquilo
que é a legislação necessária para proteger esses recursos, aquilo que
são os objetivos da exploração desses recursos", prosseguiu. O
político açoriano, que foi ministro em vários governos socialistas e
presidente da Assembleia da República (2005-2011), afirmou que "o pior
dos erros é ir a reboque" do conhecimento gerado pelos outros."Gostava
que os Açores não fossem apenas o cenário onde [a investigação] ocorre,
mas fossem o sujeito, o comandante dessa nau, dessa aventura, dessa
descoberta", reiterou Jaime Gama.Na
mesma conferência, João Bosco Mota Amaral, o primeiro presidente do
Governo Regional dos Açores (1976-1995), e que foi também presidente da
Assembleia da República (2002-2005), destacou “uma grande perturbação no
relacionamento entre as margens do oceano Atlântico, nomeadamente
quanto à incerteza que paira sobre a presidência norte-americana”.O
social-democrata começou por frisar a complementaridade dos conceitos
de autonomia e ultraperiferia, já que o estatuto de região
ultraperiférica “é resultado direto da autonomia constitucional”. “Há
uma relação frutuosa na autonomia regional, que resultou no
reconhecimento do estatuto europeu de região ultraperiférica”,
acrescentou.O
ex-presidente do Governo Regional dos Açores salientou que o
reconhecimento do estatuto europeu de regiões ultraperiféricas “surgiu
depois de muitos esforços para encontrar uma via de acompanhar o país na
solução europeia, mas com garantias de que havia uma política europeia
para as ilhas”, que não arrasasse a economia regional com a entrada no
mercado europeu.Mota
Amaral lembrou ainda a luta para que a UE não olhasse para as regiões
ultraperiféricas “como um peso morto”, uma vez que são “a projeção da
Europa pelos mares do mundo”.“Sentimos
que sozinhos tínhamos dificuldades em lutar pelos nossos objetivos, por
isso é que se lançou a iniciativa do diálogo interinsular”, afirmou o
social-democrata.Também
Jaime Gama frisou a importância que a consagração do estatuto de região
ultraperiférica teve para a região, ao afirmar que “é de sublinhar como
os Açores entenderam, numa ótica de abertura, e não de fechamento, que
isso era algo de benéfico e não recearam esse passo, esse desafio, esse
estímulo".