Itália pede intervenção da Europa e a transferência de migrantes
Migrações
7 de nov. de 2022, 14:52
— LUSA/AO Online
"A
Itália não pode ficar sozinha. Não podemos permitir que mais de 100.000
pessoas desembarquem num único ano enquanto a Europa controla quem
entra e quem sai", disse Matteo Salvini, acrescentando que o Governo
liderado pela líder de extrema-direita italiana Giorgia Meloni "pedirá
mais uma vez recolocações" de migrantes na União Europeia (EU).O
Executivo italiano, que continua a manter a pressão sobre as
organizações que ajudam migrantes no Mediterrâneo, permitiu o
desembarque de 357 pessoas, a maioria mulheres e crianças, do navio Geo
Barents, dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), mas outras 215 pessoas
tiveram de permanecer no barco, declararam fontes da organização
não-governamental (ONG) à agência de notícias EFE.Anteriormente,
o navio alemão Humanity 1, da SOS Humanity, desembarcou no domingo 144
migrantes, sobretudo mulheres e crianças, mas outras 35 tiveram de
permanecer a bordo junto com o capitão, Joachim Ebeling, que se recusou a
zarpar até que todos os resgatados estejam em terra, segundo a EFE.De
acordo com os meios de comunicação locais, a ONG alemã anunciou hoje
vai interpor recurso na Justiça contra o decreto italiano, por ser
"ilegal permitir o desembarque de apenas alguns dos sobreviventes",
destacando ainda que na ordem dada a Ebeling para deixar o porto "não
havia limite de tempo".Salvini, promotor
da doutrina de portos encerrados entre 2018 e 2019, pelo qual aliás está
a ser julgado, assegurou que as travessias de migrantes pelo
Mediterrâneo “são viagens organizadas”."Quem
estiver a bordo desses barcos paga cerca de 3.000 dólares, que se
transformam em armas e drogas para os traficantes. São viagens
organizadas cada vez mais perigosas. Devemos esmagar o tráfico não só de
seres humanos, que já é enorme, mas de armas e drogas ligadas a tráfico
de pessoas", disse Salvini.O ministro
italiano, também vice-Presidente, também agradeceu as palavras do Papa
Francisco, que neste domingo, na viagem de retorno da sua visita ao
Bahrein, disse que "a política migratória deve ser acordada entre todos
os países da UE" porque não se pode deixar sozinhos os migrantes e
deixar com “Espanha, Chipre, Itália e Grécia toda a responsabilidade dos
migrantes que chegam" a Europa.A nova
estratégia do Governo de Meloni de deixar desembarcar apenas os mais
vulneráveis se deve a um decreto assinado nesta sexta-feira, no qual
também se estipula que são os países de bandeira destes navios -
Alemanha e Noruega – que devem rececionar os migrantes. Aguardando
autorização para desembarcar está também o navio Rise Above, da ONG
alemã Mission Lifeline, com 89 resgatados, após seis retiradas médicas
no total nas últimas horas, e o norueguês Ocean Viking, da SOS
Méditerranée, com outros 234 imigrantes.Nas
últimas horas, quatro pessoas foram evacuadas do Rise Above, incluindo
"duas mulheres inconscientes com sinais vitais muito baixos", enquanto
os outros dois evacuados eram dois homens "com ataques de ansiedade",
explicou o capitão do navio, o espanhol Marco Antonio Martínez.O
capitão Martínez declarou ainda que o combustível "está escasso" e que
vão notificar hoje as autoridades portuárias para que lhes seja dada
"uma solução".