Itália implementa desembarque de migrantes em pontos longe da zona de resgate
25 de jan. de 2023, 10:54
— Lusa/AO Online
"Repete-se
a mesma história. Não se aprendeu a lição. Depois do resgate de hoje,
as autoridades italianas destinou-no o porto de Spezia (noroeste de
Itália). Essa cidade encontra-se a 100 quilómetros de navegação da nossa
posição atual", denunciou a organização humanitária. Os
Médicos Sem Fronteiras lamentam que "ninguém esteja a pensar nos 69
migrantes, entre os quais 25 menores e nove mulheres. Porque motivo os
temos de enviar para Spezia quando há portos mais perto? Isto vai contra
o direito marítimo internacional", acrescenta. O
navio Geo Barents regressou ao Mediterrâneo Central depois de ter
desembarcado 73 migrantes no porto de Ancona (centro de Itália) e depois
de quatro dias de navegação após esse primeiro resgate. A
indicação de desembarque em portos longínquos das zonas de resgate
corresponde à nova estratégia do Governo de Itália, liderado pela
primeira-ministra de extrema-direita, Giorgia Meloni.Desta
forma os navios são obrigados a manterem-se longe das zonas habituais
de resgate durante períodos prolongados e a consumir mais recursos nas
viagens de salvamento. O Governo de Roma
argumenta que se trata de uma medida destinada a aliviar a pressão da
chegada de migrantes dos portos sicilianos. Antes
do último resgate, a MSF denunciou que os militares da Guarda Costeira
da Líbia ameaçaram disparar contra a tripulação do Geo Barents.De
acordo com o Governo de Itália, mais de 3.900 migrantes chegaram a
Itália desde o princípio do ano através das rotas no Mediterrâneo
Central, face aos 1.700 migrantes que entraram no país em igual período
do ano passado. No total, mais de 100 mil pessoas chegaram às costas italianas em 2022.