Itália diz que vai respeitar compromissos no âmbito da NATO
Ucrânia
26 de jan. de 2022, 13:19
— Lusa/AO Online
"A
Aliança [Atlântica] planeou um reforço das medidas de dissuasão no seu
flanco oriental, nas quais a Itália participa", afirmou o ministro, num
comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa italiano."Se
novas decisões forem tomadas, ainda no quadro da estratégia de
dissuasão da NATO, a Itália dará um novo contributo e cumprirá os seus
compromissos, reafirmando o valor da coesão da Aliança, em particular
tranquilizando os países-membros do flanco oriental”, sublinhou o
ministro italiano.“Favorecemos e encorajamos todos os esforços e os fóruns de diálogo abertos com a Rússia", afirmou Guerini. "Nenhum
de nós quer alimentar tensões, todos queremos, pelo contrário, a
manutenção e a implementação de um diálogo construtivo", argumentou.De
acordo com o comunicado de imprensa do ministério, Guerini declarou que
"qualquer agressão contra Kiev terá sérias consequências".As
declarações do ministro da Defesa surgem no mesmo dia em que o Governo
de Roma expressou desconforto e embaraço perante uma reunião agendada
para hoje entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e os líderes de
grandes empresas italianas, segundo avançaram as agências
internacionais.Em plena crise ucraniana,
este encontro, que irá decorrer em formato virtual, está a ser promovido
pela câmara de comércio italo-russa e conta entre as empresas
convidadas com os grupos energéticos Eni e Enel, o fabricante de pneus
Pirelli, assim como os bancos UniCredit e Intesa Sanpaolo e a seguradora
Generali.O Governo de Mario Draghi
decidiu tomar uma posição e pediu às empresas nas quais o Estado
italiano detém uma participação, Eni e Enel, que não participassem no
encontro, de acordo com uma fonte patronal, citada pela agência
France-Presse (AFP).Nos últimos anos, a
Itália manteve relações mais tranquilas com a Rússia do que os seus
parceiros europeus, particularmente sob a liderança do Governo de
coligação entre o partido de extrema-direita Liga, de Matteo Salvini, e o
Movimento 5 Estrelas (antissistema), que chegaram ao poder em 2018.O
ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que esteve presente na vida
política italiana nas últimas décadas, nunca hesitou em mostrar
abertamente a sua amizade com Vladimir Putin.Ao
chegar ao poder em fevereiro de 2021, o primeiro-ministro italiano,
Mario Draghi, mudou este cenário, com o novo chefe de Governo a adotar
uma postura pró-Aliança Atlântica.No final
de março, a expulsão pela Itália de dois funcionários russos, acusados
de alegados atos de espionagem, provocou tensão entre os dois países.Os
países ocidentais acusam a Rússia de pretender invadir novamente a
Ucrânia, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em
2014, e de alegadamente patrocinar, desde então, um conflito em Donbass,
no leste da Ucrânia.A Rússia nega
quaisquer planos para uma invasão, mas associa uma diminuição da tensão a
tratados que garantam que a NATO não se expandirá para países do antigo
bloco soviético.