Itália autoriza desembarque de navio de ONG com 89 migrantes resgatados
8 de nov. de 2022, 12:27
— Lusa/AO Online
"A odisseia
dos 89 sobreviventes e nove tripulantes parece ter acabado. O Rise Above
entrou no porto de Reggio Calabria. Vamos torcer para que tudo corra
bem e todos a bordo possam desembarcar", escreveu a ONG na rede social
Twitter.Quatro migrantes tinham sido
resgatados no domingo, por razões médicas, do navio, pequeno em
comparação com os outros três barcos de ONG, com cerca de 500 pessoas a
bordo, que estão ao largo das costas de Itália, que mantém restrições
severas ou até proibições ao desembarque.Depois
de semanas no mar, o navio de bandeira alemã Humanity 1, da ONG SOS
Humanity, foi autorizado a atracar em Catania no domingo para
desembarcar 144 pessoas, principalmente mulheres e menores.A bordo, no entanto, permanecem 35 migrantes adultos do sexo masculino aos quais a Itália não permitiu a entrada no país.O
Geo Barents, um navio dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), de bandeira
norueguesa, também atracou em Catania na noite de domingo e as
autoridades italianas autorizaram o desembarque de 357 pessoas,
incluindo crianças, recusando a entrada de outras 215.O
desespero das pessoas retidas a bordo tinha levado na segunda-feira
três migrantes resgatados pelo Geo Barents a saltarem ao mar.O
Ocean Viking, da ONG europeia SOS Méditerranée, também de bandeira
norueguesa, ainda não conseguiu entrar em um porto italiano e estava a
navegar na manhã de hoje, ao largo de Siracusa, disse à agência de
notícias France-Presse um fotógrafo a bordo."A
situação a bordo do Ocean Viking tornou-se insuportável para 234
sobreviventes. Após 17 dias a bordo, a sua saúde mental está gravemente
afetada: muitos sofrem de insónias e apresentam sinais significativos de
ansiedade e depressão", alertou a ONG na segunda-feira.No
mesmo dia, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) instaram os
governos europeus a garantirem o desembarque seguro, partilhando
responsabilidades, das centenas de migrantes resgatados retidos em
navios de ONG.A maioria das 88.000 pessoas
que já chegaram por mar a Itália este ano foram resgatadas pela Guarda
Costeira italiana e outros navios de resgate liderados pelo Estado
italiano ou chegaram de forma autónoma, revelam o ACNUR e a OIM no
comunicado.O novo Governo da Itália
prometeu adotar uma linha dura com os imigrantes. O ministro do
Interior, Matteo Piantedosi, disse que os migrantes resgatados no mar
são de responsabilidade do Estado sob cuja bandeira os barcos navegam.Pelo
menos 1.337 pessoas desapareceram na rota de migração do Mediterrâneo
Central este ano, de acordo com o Projeto de Migrantes Desaparecidos da
OIM.