Israel bloqueia 83% da ajuda alimentar em Gaza - relatório
Médio Oriente
17 de set. de 2024, 17:48
— Lusa/AO Online
“Estima-se que até ao final do
ano 50 mil crianças entre os 6 e os 59 meses necessitarão urgentemente
de tratamento para a desnutrição”, alertaram as organizações, incluindo a
Save the Children, a Oxfam e o Conselho Norueguês para os Refugiados.Em
2023, comparativamente, 34% da ajuda alimentar de que o enclave
necessitava foi fornecida, permitindo aos habitantes de Gaza, em média,
fazer duas refeições por dia.O relatório
alerta que esta “queda drástica” na ajuda que chega à Faixa está a
conduzir a um “desastre humanitário” em que toda a população de Gaza
“enfrenta fome e doenças”.Em agosto
passado, entraram em Gaza uma média de 69 camiões de ajuda por dia, em
comparação com os 500 do ano passado, que já eram insuficientes para
satisfazer as necessidades da população.“Em
agosto, mais de um milhão de pessoas não receberam rações alimentares
no sul e centro de Gaza”, denunciaram as organizações, que avisam que
enquanto o conflito continuar “um elevado risco de fome persistirá em
toda a Faixa”.O relatório destaca ainda as
deficiências do sistema de saúde de Gaza, uma vez que apenas 17 dos 36
hospitais do enclave estão a funcionar e quase sem recursos para tratar
os doentes.“Apenas cerca de 1.500 camas
hospitalares permanecem operacionais em Gaza, abaixo das cerca de 3.500
camas disponíveis em 2023, que já estavam muito aquém de satisfazer as
necessidades de uma população de mais de dois milhões de pessoas”,
afirmaram as organizações, em comunicado.A disponibilidade de artigos de higiene desceu para 15% da quantidade disponível em setembro de 2023. “Enquanto
os ataques militares israelitas a Gaza se intensificam, a entrada de
alimentos, medicamentos, material médico, combustível e tendas que
salvam vidas tem sido sistematicamente bloqueada há quase um ano”, pode
ler-se no comunicado.Israel garante que
tem facilitado a entrada de ajuda desde o início da guerra e culpa o
grupo islamita palestiniano Hamas pelo bloqueio destes produtos,
acusando ainda algumas agências humanitárias de não os distribuir.