Irão promete responder com medidas recíprocas às sanções da UE e do Reino Unido
24 de jan. de 2023, 08:43
— Lusa/AO Online
"As sanções mostram o desespero
e a frustração da UE e do Reino Unido após o seu fracasso em criar
instabilidade no Irão", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios
Estrangeiros iraniano, Naser Kanani."Eles
sabem muito bem que estas sanções não afetarão a determinação da nação
iraniana em lidar com conspirações e interferências estrangeiras",
acrescentou, na rede social Twitter.Kanani
garantiu que Teerão responderá à nova ronda de sanções ocidentais e
anunciará "em breve" medidas recíprocas contra "violadores dos direitos
humanos e patrocinadores do terrorismo na União Europeia e no Reino
Unido".Na segunda-feira, os ministros dos
Negócios Estrangeiros da UE acrescentaram 37 indivíduos ou entidades
iranianas envolvidas na repressão dos protestos, que agitam a República
Islâmica desde setembro, na lista de sanções por violações aos direitos
humanos.O Governo britânico também
anunciou novas sanções contra organizações e responsáveis iranianos,
incluindo o procurador-geral adjunto, Ahmad Fazelian."O
Reino Unido e os nossos parceiros enviaram uma mensagem clara através
destas sanções de que não haverá esconderijo para os culpados das piores
violações dos direitos humanos", afirmou o ministro dos Negócios
Estrangeiros britânico, James Cleverly.Também
os EUA anunciaram novas sanções contra responsáveis iranianos, na nona
ronda de sanções dos EUA contra Teerão desde o início dos protestos.Kanani não se referiu hoje às novas sanções dos EUA. Há
vários meses que se registam protestos de rua no Irão contra a morte de
Masha Amini, uma jovem de 22 anos que morreu a 16 de setembro de 2022,
três dias depois de ser detida pela chamada polícia de costumes, por
violar o rígido código de indumentária da República Islâmica, que inclui
o uso obrigatório do véu em público para as mulheres.As
autoridades iranianas responderam com uma forte repressão policial que
resultou em quase 500 mortes e perto de 20.000 detenções, de acordo com
organizações não-govrnamentais sediadas fora do Irão.Em
sequência, quatro manifestantes foram executados, um deles
publicamente, e pelo menos 17 pessoas foram condenadas à morte por
enforcamento.Os protestos perderam um
impulso significativo após as execuções dos quatro manifestantes e nas
últimas semanas houve poucas manifestações nas ruas do Irão.