Investimento em energias renováveis melhora vidas e gera empregos
16 de jul. de 2020, 08:50
— Lusa/AO Online
A CAN Europe é uma coligação de organizações
não-governamentais para o clima e energia e analisou as oportunidades
dos fundos europeus nos Planos Nacionais de Energia e Clima (PNEC) de 14
países europeus para assegurar uma recuperação verde, no âmbito do
Projeto LIFE Unify, que acompanha a execução dos PNEC de vários países
da União Europeia (UE), incluindo Portugal. O
relatório, “EU Funds for a Green Recovery” (Fundos da UE para uma
recuperação verde), e que foi também divulgado pela CEE Bankwatch
Network, uma rede de organizações não-governamentais da Europa central e
oriental, identifica propostas de investimento concretas, a propósito
do Conselho Europeu desta semana. Além de
apontar medidas que devem receber financiamento do próximo orçamento da
UE o relatório dá sugestões para aumentar a ambição climática e indica
outras que devem ser excluídas de financiamento.O
investimento nas renováveis e em sistemas de transporte de baixas
emissões são as grandes sugestões do documento para estimular uma
economia que seja sustentável.E como medidas prejudiciais nos PNEC estão as que se relacionam com apoios à utilização de combustíveis fósseis. “O
relatório recomenda que os Estados-Membros direcionem os seus planos de
investimento futuros para a neutralidade climática e não gastem
dinheiro com medidas prejudiciais, como desenvolvimento de novas
infraestruturas de gás fóssil, exploração de recursos nacionais de
combustíveis fósseis, uso de biomassa em sistemas de aquecimento de
baixa eficiência e investimentos em fontes de energia não renováveis”,
explica num comunicado a associação ambientalista portuguesa Zero,
entidade parceira do projeto LIFE Unify.Para
Portugal, a Zero propõe que se promova a disseminação de produção
distribuída de energia por fontes renováveis, autoconsumo e comunidades
de energia, a reabilitação energética de edifícios, e mudanças nos
transportes públicos.O setor do transporte
público “tem ainda diversas falhas no país, incluindo nos grandes
centros urbanos onde, apesar de haver uma maior oferta, ainda não é
completa e adequada para reduzir a utilização do transporte individual”,
diz a Zero, considerando necessário “que o setor receba investimentos
significativos para a melhoria do transporte público, incluindo mais
ligações, opções multimodais e infraestruturas e qualidade de serviço
melhorados, com particular destaque para a ferrovia que tem sofrido
fortes desinvestimentos nas ligações que existiam no país”. Markus
Trilling, coordenador da política de finanças e subsídios da CAN Europe
diz, citado no relatório, que o que os Estados-Membros colocarem nos
seus planos orçamentais “definirá a resposta da UE às crises climáticas e
económicas nos próximos 10 anos”, pelo que os líderes europeus “devem
usar todo o potencial dos fundos da UE para impulsionar a ação climática
e excluir o apoio aos combustíveis fósseis”.O
presidente da Zero, Francisco Ferreira, acrescenta que a aplicação dos
fundos em benefício do ambiente “é também em benefício da sociedade não
só pelo combate às alterações climáticas, mas também porque se está a
melhorar a saúde das populações e a gerar mais emprego por todo o país,
com uma consequente melhoria da sua qualidade de vida”.Na
sexta-feira e no sábado os líderes europeus vão reunir-se em Bruxelas
para a reunião do Conselho Europeu para discutir o Plano de Recuperação e
potencialmente concordar com o novo orçamento da UE a longo prazo (para
o período 2021-2027).