Investimento é assimétrico entre regiões autónomas e continente
27 de nov. de 2019, 10:24
— Lusa/AO Online
“O
investimento público que o Estado está a fazer é diferente nos Açores e
na Madeira, quando comparado com o continente”, salientou João Luís
Gaspar, acrescentando que “as assimetrias devem ser também trabalhadas
pelas diferentes universidades”. O também
professor falava na comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto,
na Assembleia da República, onde apresentou um estudo sobre termos para
a compensação de sobrecustos da insularidade das instituições de ensino
superior das regiões autónomas. Ao lado
do reitor da Universidade da Madeira (UMa), José Carmo, João Luís Gaspar
alertou para o facto de as instituições insulares estarem a perder
estudantes para o continente, por não terem capacidade para os receber.“Estamos
a perder muitos estudantes para o continente, porque não conseguimos
dar resposta. Falo do [curso] desporto, no caso dos Açores, e da
engenharia informática, na Madeira”, assegurou, precisando que a falta
de respostas “impede as universidades de se prepararem [para o futuro]”.Por seu lado, José Carmo explicou que, com a crise, o ensino universitário perdeu mais alunos. De
acordo com o reitor da UMa, as instituições da Madeira e dos Açores
contam com menos de três mil estudantes, números inferiores aos das
restantes universidades portuguesas. “Os
Açores têm três polos… As dificuldades são quase as mesmas [do que na
Madeira]. Temos menos de 3.000 alunos, enquanto no continente têm mais
de 5.000”, afirmou.Sobre o estudo
apresentado, o reitor da UAc garantiu que não foi trabalhado “para criar
uma utopia” e que se sobrepõe em três pressupostos, de forma a olhar
para os Açores, Madeira e continente como um todo.“[Devemos]olhar
para todos como se estivessem em territórios similares, a Madeira, os
Açores e o continente”, ressalvou, indicando que as instituições
“viram-se impedidas de concorrer aos fundos comunitários […], porque têm
tutela nacional, mas têm sede nas regiões”. De
acordo com o reitor da UAc, a falha na obtenção de fundos comunitários
representa um “défice de milhões de euros”, em comparação com o
investimento das outras universidades do continente. Na
sequência da comissão parlamentar, João Luís Gaspar voltou a reforçar
que não vai assinar o contrato para a legislatura com o Ensino Superior
para 2019-2023 proposto pelo Governo central, em 29 de novembro. “Há
uma cláusula que diz que os reitores estão impedidos de pedir reforço
orçamental. Não assino, não assino”, vincou, referindo que a sua
universidade irá receber perto de 700 mil euros, segundo a proposta
assinada entre o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e o
Governo.Aos deputados, João Luís Gaspar
disse que informou todos os reitores, nessa reunião, que não assinava o
contrato, explicando que não tem condições de o cumprir.Já
José Carmo garantiu na audiência parlamentar que vai enviar uma
declaração ao primeiro-ministro, onde diz que vai assinar o contrato.