Investimento da Vinci no aeroporto de Lisboa 19% abaixo do previsto na privatização
28 de dez. de 2023, 13:04
— Lusa/AO Online
“Desde o
início da concessão, a concessionária mais do que duplicou o volume de
negócio e quase quadruplicou o EBITDA [lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização]. No entanto, o volume acumulado de
investimentos, ao invés de acompanhar a evolução da procura e da
rentabilidade da concessão, está 18,9 % abaixo do previsto pela VINCI na
privatização”, lê-se na resolução do Conselho de Ministros aprovada em
07 de dezembro e hoje publicada, que estabelece à ANA que execute
investimentos no aeroporto Humberto Delgado, com vista a mitigar os
constrangimentos operacionais e de conforto dos passageiros.Na
resolução, refere-se que “desde a celebração, a 14 de dezembro de
2012, do Contrato de Concessão de Serviço Público Aeroportuário nos
Aeroportos Situados em Portugal Continental e na Região Autónoma dos
Açores (Contrato de Concessão), e com exceção apenas do período
pandémico, que o aumento da procura no AHD tem sido sistematicamente
muito superior ao esperado, tanto em número de movimentos como em número
de passageiros”.Em 2019, o melhor ano
turístico antes da pandemia de covid-19, o número de passageiros cresceu
7,36% em relação ao ano anterior, alcançando os 31,1 milhões de
passageiros, “evidenciando problemas de pontualidade de uma
infraestrutura congestionada”.Este ano, prevê-se que o tráfego naquela infraestrutura supere os níveis de 2019, ultrapassando os 32 milhões de passageiros.“Acresce
que o investimento que a concessionária tem vindo a fazer nesta
infraestrutura aeroportuária não se revela suficiente para garantir a
resposta expectável e desejável, quer os níveis de serviço como os
níveis de desempenho, face à evolução da procura”, lê-se no documento.Na
conferência de imprensa após o Conselho de Ministros de 07 de dezembro,
o secretário de Estado Adjunto e das Infraestruturas, Frederico
Francisco, detalhou que não foram agora acrescentadas obrigações à ANA,
face às que estavam previstas no contrato de concessão, que já previa
dois tipos de compromissos: o primeiro relacionado com obrigações
explícitas de desenvolvimento e o segundo que se prende com a cláusula
do contrato que obriga a ANA a fazer os investimentos necessários para
dar resposta ao crescimento do tráfego.A
resolução do Governo determina que a ANA tem agora quatro meses para
apresentar projetos para o cumprimento das obrigações específicas de
desenvolvimento em Lisboa, com prazos de execução que vão até 2027.Segundo
Frederico Francisco, em caso de incumprimento desses prazos, serão
ativados “os mecanismos normais”, como multas, ou, em último recurso, os
tribunais.