Investigadores vão determinar efeitos adversos da doença em grávidas e recém-nascidos
Covid-19
22 de abr. de 2020, 11:25
— Lusa/AO Online
“O
conhecimento sobre a infeção para a grávida e para o recém-nascido é
muito limitado e escasso, portanto, nesta fase, quer em Portugal, quer a
nível internacional é fundamental produzir evidência científica”,
afirmo, em declarações à Lusa, Carina Rodrigues, coordenadora do
projeto.O projeto, desenvolvido no âmbito
da linha de financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT)
‘RESEARCH 4 COVID-19’, vai, a partir do dia 01 de maio, “determinar os
efeitos adversos da covid-19 na grávida e no recém-nascido”, bem como
“identificar as práticas adotadas pelas unidades de obstetrícia e
neonatologia na gravidez, parto e puerpério”.Até
ao momento, 23 unidades hospitalares, nas áreas pertencentes e de
influência da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) e da de
Lisboa e Vale do Tejo, já manifestaram interesse em participar no
projeto e colaborar com a equipa de investigadores.“Cada
hospital vai nomear um médico responsável que será aquilo a que
chamamos de investigador local, integra a equipa, mas são clínicos que
estão responsáveis e que recrutam as grávidas e lhes fazem o convite à
participação”, explicou a investigadora.Segundo
Carina Rodrigues, o estudo vai ser conduzido tanto em grávidas
infetadas com o novo coronavírus em seguimento, como em grávidas
infetadas em momento de parto, sendo a informação recolhida
maioritariamente clínica.“Vamos recolher
informação sobre a gravidez, história obstétrica e a infeção por covid. A
nossa proposta para as grávidas que estão em trabalho de parto e
infetadas é que também sejam recolhidas amostras biológicas da placenta,
cordão umbilical, líquido amniótico e leite materno. Isso será feito
pelos clínicos de obstetrícia”, referiu Carina RodriguesAcrescentou
que, “um mês após o parto, a equipa de investigação do ISPUP vai ligar
às grávidas e fazer novamente um questionário por telefone e uma
avaliação da saúde física e mental dela e do recém-nascido”.À
Lusa, Carina Rodrigues avançou que o objetivo da equipa, composta por
mais três investigadores, é produzir um relatório mensal e outro final
dirigido ao Ministério da Saúde, Direção-Geral da Saúde (DGS) e unidades
hospitalares com “uma proposta de atuação”.“O
relatório servirá de apoio e tem a vantagem de ser baseado no
conhecimento produzido em Portugal”, afirmou, acrescentando ainda não
saber se a equipa terá oportunidade de dar continuidade ao projeto.“Temos
de apresentar resultados ao fim de três meses, não sei se depois
teremos oportunidade de continuar com o projeto, mas pelo menos durante
esses três meses vamos estar no terreno a fazer a recolha de dados”,
concluiu.Com um financiamento de cerca de
15 mil euros, este é um dos 66 projetos apoiados pela linha de
financiamento ‘RESEARCH 4 COVID-19’, que visa responder às necessidades
do Serviço Nacional de Saúde.