Investigadores portugueses calculam quanto dióxido de carbono pode armazenar um vulcão extinto
23 de mai. de 2023, 19:03
— Lusa
Usando
outros vulcões extintos em todo o mundo o processo podia levar à
captura de centenas de giga toneladas de CO2, indica a investigação,
publicada na revista científica “Geology”.Os
investigadores, Ricardo Pereira, da Faculdade de Ciências e Tecnologia,
da Universidade Nova, e David Gamboa, da Universidade de Aveiro, dizem
que o processo é mais seguro do que o armazenamento de CO2 em rochas
porosas na subsuperfície, o método de sequestro de carbono mais usado na
atualidade.Ricardo Pereira, disse à Lusa
que os vulcões têm a capacidade de armazenar CO2 de forma mais eficiente
por serem formados por rochas basálticas, com propriedades mais
consentâneas com esse processo. “O estudo
demonstra que podemos ter uma ferramenta para contabilizar quanto cada
vulcão pode capturar. E esta pode ser das formas mais seguras e eficazes
de capturar CO2”, disse.O vulcão que
serviu para o estudo é um vulcão submerso e parcialmente soterrado a uma
centena de quilómetros a oeste da zona de Lisboa, chamado Fontanelas.
Depois de um trabalho de investigação sobre o vulcão os investigadores
procuraram contabilizar quanto CO2 podia ser armazenado. O processo e
sequestro do CO2 é idêntico ao usado já na Islândia.Ricardo
Pereira lembrou que hoje a captura de carbono é normal, mas o desafio é
armazená-lo. “A partir do momento em que temos o CO2 num fluido, como a
água normal ou a água do mar, ficamos com um fluido rico em CO2 e essa
mistura é injetada através de um poço em profundidade nas rochas”,
explicou.O CO2 reage quimicamente com os
minerais e no caso das rochas basálticas a reação é rápida, medida em
meses ou anos, e nessa reação formam-se novos minerais, explica o
responsável, afirmando que, de forma simples, é um processo idêntico ao
que forma o calcário nos canos das casas.O
processo, que exige investimento, tecnologia e estudos de impacto, pode
ser feito em qualquer lugar onde existam rochas magmáticas. E se
aplicado em larga escala pode ser uma forma de reduzir o CO2,
responsável pelo aquecimento global e pelas alterações climáticas. Podem
ser armazenadas, de forma segura e permanente, centenas, se não
milhares, de giga toneladas de CO2, dizem os investigadores, segundo os
quais o processo, de carbonatação mineral no vulcão, é considerado mais
seguro do que o armazenamento em rochas porosas da subsuperfície, método
mais comum atualmente.Questionado pela
Lusa, Ricardo Pereira admitiu que o processo terá algum impacto
ambiental mas considerou-o menor e disse que pode ser feito de forma
segura, além de que as emissões de gases com efeito de estufa envolvidas
no processo de armazenamento serão infinitamente menores do que a
quantidade de CO2 que pode ser armazenado.