Investigadores estudam impacto da pandemia na gravidez e maternidade
Covid-19
2 de nov. de 2020, 12:57
— Lusa/AO Online
Em
declarações à Lusa, Ana Mesquita, investigadora da Escola de Psicologia
da Universidade do Minho afirmou que o projeto surge no âmbito de um
consórcio internacional que já se debruçava sobre a depressão e
ansiedade perinatal [período que antecede e sucede um nascimento], as
suas causas e principais tratamentos.“No
âmbito deste consórcio, criamos uma ‘task-force’ para perceber qual
seria o impacto da covid-19 nestas questões da saúde mental e perinatal,
nomeadamente de que forma a pandemia poderia acentuar a incidência
destas perturbações (depressão e ansiedade) em grávidas e mães recentes
no período pós-parto”, explicou a investigadora.Desenvolvido
simultaneamente em 13 países, o estudo, que tem por base um
questionário desenvolvido por investigadores da New York University
(Estados Unidos da América), recolhe informações sobre as experiencias
durante o período pré-natal, o acompanhamento das grávidas, a alteração
de rotinas e o período pós-natal.Além de
quererem perceber como é que a pandemia alterou as experiências
perinatais, os especialistas querem também descobrir quais os “fatores
de risco e proteção” destas mulheres.“Estamos
a tentar caracterizar a situação atual em termos do que são as
experiências que estas mulheres estão a passar”, destacou a
investigadora.Depois do primeiro
inquérito, os especialistas fazem o seguimento (também através de
inquéritos) das grávidas passado um mês, três e seis meses após o
nascimento do bebé.Ao inquérito ‘online’,
que está disponível em Portugal desde julho, já responderam 1.200
mulheres e ao inquérito de seguimento do primeiro mês como mães
responderam cerca de 400 mulheres.Com o
surgimento da segunda vaga do SARS-CoV-2, Ana Mesquita afirmou que o
intuito é manter o inquérito, no qual podem participar grávidas e
mulheres com bebés com menos de seis meses, disponível.“A
nossa ideia é que os primeiros dados do estudo possam ser analisados
até ao final deste ano, e depois pretendemos analisar os dados
subsequentes da segunda vaga”, afirmou.Os
dados recolhidos vão permitir não só perceber a situação em cada país,
mas também fazer uma comparação com os outros países que participam o
estudo (Albânia, Brasil, Bulgária, Chipre, Chile, França, Grécia,
Israel, Malta, Espanha, Turquia, Reino Unido).“Queremos
perceber que impacto é que isto vai ter. Sabemos que esta questão da
covid-19, além da doença, têm esta questão do ‘stress’ que piorou na
alteração das rotinas e tem também um impacto no neurodesenvolvimento
dos bebés”, destacou Ana Mesquita.A equipa de investigadores portugueses pretende ainda fazer o acompanhamento dos filhos das mães que aceitarem participar.