Investigadores dos Açores consciencializam população para atividade vulcânica
30 de set. de 2021, 17:13
— Lusa/AO Online
“Pelo facto
de não termos atualmente nenhum vulcão em erupção, às vezes pode haver a
tentação de nos esquecermos de que estamos numa região vulcanicamente
ativa, mas desde o povoamento das ilhas já ocorreram 28 erupções
vulcânicas. A cada dia que passa aproxima-se o próximo evento”,
adiantou, em declarações à Lusa, Fátima Viveiros, subdiretora do
Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR).“Não
é para alarmismos, não é para criar pânico, é exatamente para ajudar a
consciencializar as pessoas para aquilo que nós poderemos ter esperar na
eventualidade de termos um sinal de reativação de um dos nossos
sistemas vulcânicos”, acrescentou.Organizada
nos Açores pelo IVAR e pelo Centro de Informação e Vigilância
Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), a noite europeia dos vulcões é uma
“oportunidade” para os investigadores mostrarem o que fazem e levarem a
ciência ao público em geral.Depois de três
eventos presenciais, com mais de uma centena de participantes, em
média, e de um ano de paragem devido à pandemia de covid-19, este ano o
evento é retomado em formato online, que “permite chegar a um público
muito mais alargado”.Numa altura em que
o vulcão de Cumbre Vieja, em La Palma, nas Canárias, está em destaque na
comunicação social, a investigadora do IVAR admitiu que haja maior
curiosidade da população sobre este tema.“Vemos
erupções vulcânicas ocorrer diariamente no planeta, e algumas delas têm
duração até de anos, mas esta das Canárias, estando mais próxima, num
arquipélago que tem semelhanças com o nosso, e com as imagens dramáticas
das pessoas a perderem todos os seus bens, não há como não estar
desperto”, afirmou.Segundo Fátima
Viveiros, a entrada em erupção do vulcão de Cumbre Vieja é um exemplo de
como, “apesar de estar tudo muito tranquilo, as coisas se podem
alterar”.Por isso, defendeu que a
população dos Açores deve “ter conhecimento da sua região” e estar
preparada para sismos e erupções vulcânicas.“As
crises sísmicas que antecedem os vulcões podem ocorrer e os elementos
familiares não estarem todos juntos. É importante ter um plano familiar e
um ponto de encontro”, recomendou.A
investigadora sugeriu ainda que cada família tenha à mão um dossiê com
cópias dos documentos de identificação de cada elemento e uma lista dos
medicamentos que cada um toma.“São tudo
pequenas coisas que nós, numa eventualidade de termos de sair de casa
sem muito tempo para pensar, quanto mais tivermos coisas preparadas,
melhor vamos reagir e com mais tranquilidade”, explicou.Ainda
que nos últimos anos não tenha ocorrido “muitos incidentes”, o
crescimento do turismo nos Açores leva também os investigadores a
alertarem para alguns cuidados a ter nas visitas a fumarolas e grutas ou
nos trilhos pedestres que atravessam zonas onde que podem ocorrer
movimentos de vertente.“Estando cada vez
mais as autoridades alerta para esses perigos, estão a vedar as zonas,
não permitindo o acesso aos locais que são mais perigosos. Há uma
diminuição do risco nesse aspeto, mas por outro lado estamos a aumentar o
número de pessoas porque nos últimos anos os Açores têm vindo a ter um
grande incremento, principalmente em algumas épocas do número de
visitantes”, salientou Fátima Viveiros.Na
sexta-feira, a partir das 20h20 locais, na página de
Facebook do IVAR é possível assistir a três vídeos que vão explicar:
como são monitorizados os vulcões dos Açores, como se devem visitar os
vulcões em segurança e como se podem as pessoas preparar para uma
eventual erupção vulcânica.Entre cada vídeo, os investigadores do IVAR e do CIVISA estarão disponíveis para responder a perguntas.“As
pessoas têm dúvidas de quais são os vulcões ativos na sua área de
residência, se pode acontecer algo semelhante a outras áreas, o que
devem fazer, para onde devem ir. Normalmente há dúvidas”, adiantou a
investigadora do IVAR.