Investigadores de Coimbra vão utilizar células estaminais para recuperar doentes de AVC
31 de jan. de 2018, 10:43
— Lusa/AO online
O
estudo observacional em pessoas, iniciado há quatro anos, envolvendo a
unidade de AVC do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC),
Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra, Hospital Rovisco
Pais (Tocha) e os laboratórios Crioestaminal, conclui que as células
progenitoras endoteliais, que são um tipo de células estaminais,
contribuem para reconstituir os vasos lesados."O
que fizemos [no estudo] foi demonstrar que existem células estaminais
que estão associadas ao desenvolvimento de novos vasos, que nós todos
temos no sangue, em concentrações muito pequenas, produzidas pela medula
óssea, que nos permitem fazer novos vasos sempre que precisamos",
explicou à agência Lusa o coordenador João Sargento Freitas, da unidade
de AVC do CHUC.Segundo
o neurologista, "vai-se retirar células do doente diretamente da medula
óssea, separar-se as células que fazem vasos e injetá-las por cateter
diretamente na zona do AVC".Para
o médico e investigador, pretende-se com esta nova hipótese de
tratamento, alternativa às atuais, "recriar novos vasos para voltar a
dar sangue à zona que foi lesada".Na
prática, acrescenta, o método passa por "otimizar os recursos de cada
um, colocando o maior número de células que se conseguir no sítio onde
elas são precisas (local do AVC)".Trata-se
de uma técnica inovadora em Portugal e a nível internacional, que vai
ser testada em 30 doentes, durante um ano, a partir do segundo semestre,
e que tem financiamento garantido de cerca de um milhão de euros,
através do programa comunitário Compete 2020."Os
dados preliminares são promissores e realmente indicam que têm
potencial e um impacto clínico importante em doentes, mas agora
queremos, como em qualquer passo de investigação, validar e demonstrar a
sua eficácia no ensaio clínico", frisou o coordenador do estudo.O
médico João Sargento Freitas, que será o investigador principal do
ensaio clínico, tem esperança "nesta avenida de investigação diferente
do tratamento habitual, que se centrava sempre no vaso e que agora se
centra na lesão do AVC isquémico em si e a tentar fazer novos vasos
diretamente lá".Salientando
que foram os "resultados do estudo que alavancaram o ensaio clínico", o
neurologista do CHUC considera que o objetivo final é demonstrar a
investigação clínica para que depois o tratamento a doentes de AVC seja
disseminado por outros centros, "confirmando-se a eficácia que estamos à
espera".