Investigadores da FMUP estudam “armas” de combate a “superfungo” mortal
2 de out. de 2023, 10:11
— Lusa/AO Online
Lembrando
que este ano o Centro de Controlo de Prevenção de Doenças dos Estados
Unidos da América alertou para o crescimento alarmante dos casos de
infeções por este “superfungo”, o coordenador do estudo, Acácio
Gonçalves Rodrigues, descreveu que a FMUP tem vindo a estudar como
prevenir surtos e evitar consequências potencialmente fatais para os
doentes.“E os resultados demonstram que o
peróxido de hidrogénio não tem potencial significativo, pelo menos a
curto e médio prazo, de indução de resistência microbiana, portanto pode
ser usado com segurança. É um método fiável e confiável para desinfeção
de espaços onde tenham sido admitidos doentes que tenham estado
infetados por ‘candida auris”, afirmou.A
‘candida auris’ é uma espécie de fungo que está associado a múltiplos
surtos, infeções graves e altas taxas de mortalidade em todo o mundo. Em causa está um fungo patogénico capaz de entrar na corrente sanguínea e de invadir todo o corpo.Este fungo foi identificado pela primeira vez em 2009, no Japão.Os
dados disponíveis indicam que a ‘candida auris’ pode ser
super-resistente, resistindo aos medicamentos (antifúngicos) utilizados
para o tratamento das infeções que provoca. Salvaguardando
que, embora o peróxido de hidrogénio seja “amplamente utilizado em
ambientes de saúde”, quer em líquido, vapor ou aerossol, eram
necessárias mais evidências da sua eficácia contra aquele fungo, o
professor da FMUP explicou que não havia dados sobre a possibilidade de
indução de resistências depois do uso do H2O2.“Mas
agora sabe-se que o uso continuado de peróxido de hidrogénio, também
conhecido como água oxigenada, para desinfeção e esterilização de
hospitais e outras estruturas de saúde, provou ser eficaz”, concluiu
Acácio Gonçalves Rodrigues, em declarações à agência Lusa.A
equipa da FMUP analisou três espécies de ‘candida’ – a candida auris, a
candida albicans e a candida parapsilosis – que foram expostas durante
30 dias a concentrações definidas de peróxido de hidrogénio. Os
resultados indicam que aquele desinfetante tem eficácia semelhante em
todas as espécies de candida, após aquele período, conforme se lê na
síntese do estudo enviada pela FMUP à Lusa.“A
adoção de soluções de H2O2 em protocolos de rotina, a fim de promover a
desinfeção contra ‘candida auris’, melhorando a segurança do paciente e
reduzindo custos com saúde, é certamente bem-vinda”, acrescentou Acácio
Gonçalves Rodrigues.Recordando os medos e
fragilidades que a pandemia da covid-19 colocou a nu no panorama da
saúde, o professor concluiu: “a prevenção é melhor forma de evitar
futuros surtos”.Publicado na revista
científica “Antimicrobial Resistance & Infection Control”, o artigo
científico coordenado por Acácio Gonçalves Rodrigues, tem também como
autores Luís Cobrado, Elisabete Ricardo, Patrícia Ramalho, da
FMUP/CINTESIS@RISE, e Ângela Rita Fernandes, da FMUP.