Investigador do INSA apela à calma em relação à nova variante Ómicron
Covid-19
29 de nov. de 2021, 13:55
— Lusa/AO Online
“A comunidade científica tem gerado resultados muito importantes a
nível de influenciar a decisão em termos de saúde pública e decisão dos
vários governos e isso tem corrido naturalmente bem e acho que é assim
que deve ser”, afirmou o investigador do Instituto Nacional Dr. Ricardo
Jorge (INSA), em declarações à agência Lusa a propósito do aparecimento
de 13 casos em Portugal desta nova variante do SARS-CoV 2.
Segundo o microbiologista, a população não deve “entrar em pânico” com a
nova variante do coronavírus SARS-CoV-2 detetada na África do Sul.Disse
esperar que dentro de duas/três semanas os grandes laboratórios
farmacêuticos e instituições que estão envolvidos nos ensaios de
neutralização de anticorpos libertem dados que “sejam consistentes o
suficiente” para que se possa “tirar uma conclusão mais séria acerca
desta nova variante”.A Organização Mundial
da Saúde (OMS) alertou que o risco global representado pela nova
variante Ómicron do coronavírus é "muito alto".Para
o coordenador do estudo sobre a diversidade genética do novo
coronavírus em Portugal, devia ter havido “um pouco mais de prudência”
por parte da OMS, uma vez que ainda não há dados que digam que a Ómicron
é uma variante mais severa.“Eu penso que
foi lançado o pânico de uma forma um bocadinho desnecessária mesmo pela
própria Organização Mundial de Saúde. Acho que devia haver um pouco mais
prudência”, defendeu.João Paulo Gomes
afirmou que há “motivos para preocupação”, na medida em que esta
variante é caracterizada por “um anormalmente elevado número de mutações
na proteína de superfície [Spike]”.“Muitas
dessas mutações, a comunidade científica já sabe que podem impactar a
transmissibilidade, bem como a ligação aos nossos anticorpos e,
portanto, temos direito de pensar: será que as vacinas estão em perigo?
Será que ela é mais transmissível. A resposta é não sabemos”, vincou.O
investigador lembrou que é tudo muito recente: “Estamos a falar de
casos com duas, três semanas em todo o mundo, portanto, ela terá ainda
uma circulação muitíssimo residual”. “Caso contrário não teríamos este número muito residual de casos detetados em todo o mundo”, declarou.O
responsável pelo Núcleo de Bioinformática do Departamento de Doenças
Infecciosas do INSA explicou que a suspeita de maior transmissibilidade
da Ómicron se prende apenas com o facto de estar “a crescer bastante em
frequência numa região particular da África do Sul”, uma região com uma
grande densidade populacional.Portanto,
sustentou, “podem existir aqui fatores muito específicos que façam com
que nos levem a suspeitar da sua maior transmissibilidade, mas não
passam de suspeitas, não existem e repito, até à data, dados não só
epidemiológicos como laboratoriais que permitam concluir acerca da sua
maior transmissibilidade ou da sua potencial associação a uma menor
eficácia das vacinas”.