Investigador apela a controlo na introdução de plantas exóticas em locais turísticos dos Açores
19 de nov. de 2017, 13:47
— Lusa / AO online
"Introduzem-se
muitas espécies exóticas e algumas tornaram-se invasoras. Existiam
entre 200 a 300 espécies nativas antes do povoamento nos Açores
[século XV] e já foram introduzidas mais de cerca de 700 que fazem
parte da flora", afirmou o docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia
da academia açoriana. Luís Silva, que é também membro da direção da Associação Botânica dos Açores,
sustentou que entidades como os municípios ou juntas de freguesia
recorrem muitas vezes a plantas invasoras para o embelezamento de
espaços, muito embora os serviços florestais e parques naturais de ilha
disponibilizem espécies endémicas. De acordo com o investigador, "nos Açores
sempre existiu a tendência de importar plantas diferentes",
nomeadamente para o embelezamento de jardins que existem no arquipélago,
mas "a situação das invasoras é preocupante para a manutenção das
plantas endémicas". "Não estão a introduzir as plantas invasoras
de forma propositada, mas haverá um certo desconhecimento dos
responsáveis por estes espaços que, involuntariamente, embelezam os
locais com a introdução destas espécies", considerou, alertando para a
possibilidade das invasoras se propagarem e ocuparem o lugar das plantas
nativas. Entre estas espécies invasoras está o chorão-das-praias
e uma "espécie de malmequer muito grande", mais observadas nas zonas
costeiras, ao longo das estradas e nos taludes. "Mas há também muitas espécies que foram introduzidas para proteger as culturas do vento", referiu o docente. Luís
Silva, que integra o Centro de Investigação em Biodiversidade e
Recursos Genéticos, defendeu a criação de um observatório regional para
esta matéria, destacando que nos trabalhos de melhoramento das zonas
costeiras e jardins deve ser feito um aconselhamento com especialistas e
técnicos da área. O investigador explicou que este organismo
"funcionaria em rede com as autarquias e entidades regionais" e, sempre
que fosse observada uma espécie invasora nova, "seria ativado um alerta e
as entidades depois analisariam se seria erradicada ou controlada a
planta". "É importante preservar o património e há espécies raras
a nível de São Miguel", realçou Luís Silva, acrescentado que a
Associação Botânica dos Açores
tem realizado ações de sensibilização sobre as plantas invasoras em
vários locais desta ilha em colaboração com o parque natural.