Investigação independente admite que jornalista Abu Akleh foi atingida por fogo israelita
16 de mai. de 2022, 11:42
— Lusa/AO Online
"Com base no
que pudemos analisar, a IDF (soldados israelitas) estava na posição mais
próxima e tinha a linha de visão mais clara para Abu Akleh", disse
Giancarlo Fiorella, o principal investigador do Bellingcat neste caso.Na
quarta-feira, a jornalista Abu Akleh, que trabalhava para o canal de
televisão pan-árabe do Qatar, foi morta com um tiro na cabeça enquanto
cobria o conflito entre forças israelitas e palestinianas no campo de
refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia, território palestiniano
ocupado por Israel desde 1967.A repórter da Al Jazeera estava vestida com um colete e um capacete que a identificavam como jornalista.Este
fim de semana, o Bellingcat publicou uma análise forense de vídeos e de
áudio recolhidos nas redes sociais e de material proveniente de fontes
militares palestinianas e israelitas, adianta a agência Associated
Press.O consórcio Bellingcat está entre um
número crescente de organizações independentes que usam informações de
‘open source’, como vídeos e fotografias de redes sociais, gravações de
câmaras de segurança e imagens de satélite, para reconstruir eventos.Giancarlo
Fiorella reconheceu que a análise pode não ser 100% certa, mas
salientou que o aparecimento de provas adicionais normalmente reforça as
conclusões preliminares dos investigadores."Isto é o que fazemos quando não temos acesso a essas coisas", disse.Vários
grupos independentes têm lançado as suas próprias investigações sobre a
morte da jornalista conhecida em todo o mundo árabe por documentar as
dificuldades da vida palestiniana sob o domínio israelita.O
secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou hoje ter
falado com a família de Abu Akleh para expressar condolências e
respeito pelo seu trabalho, "bem como a necessidade de ter uma
investigação imediata e credível" sobre a sua morte.Jonathan
Conricus, um antigo porta-voz militar israelita e perito em assuntos
militares, considerou que reconstruir um tiroteio em zonas urbanas
densamente povoadas é "muito complexo", adiantando que as provas
forenses, como a bala, são cruciais para chegar a conclusões."Sem a bala, qualquer investigação só será capaz de chegar a conclusões parciais e questionáveis", disse Conricus.Na
sexta-feira, quando o cortejo fúnebre saía do hospital St. Joseph, em
Jerusalém Oriental, o setor palestiniano da cidade também ocupada por
Israel, a polícia invadiu o complexo e tentou dispersar a multidão, que
brandia bandeiras palestinianas.O caixão
com o corpo de Akleh quase caiu das mãos dos homens que o transportavam,
quando foram atingidos por polícias armados com cassetetes, segundo
imagens divulgadas pela televisão.