Investigação a ajudas à SATA "continua"

10 de dez. de 2020, 10:59 — Lusa/AO Online

Questionada pela agência Lusa sobre o anúncio do Governo açoriano, fonte do executivo comunitário sublinhou que a investigação sobre "alguns apoios públicos à SATA continua"."Nesta fase, não conseguimos prever em que momento [será revelado] e que resultado terá a investigação. De acordo com a prática normal, a Comissão está em contacto com Portugal e outras partes interessadas no contexto da sua investigação em curso", prossegue a mesma fonte.Durante o debate do Programa de Governo dos Açores, que arrancou hoje no parlamento açoriano, o secretário das Finanças, Bastos e Silva, indicou que os três apoios investigadas por Bruxelas, no valor de 73 milhões de euros, foram considerados "ajudas públicas ilegais" porque "não obtiveram autorização prévia" da Comissão Europeia.Nesse sentido, prosseguiu, a SATA "tem de devolver à região" esse montante, e sem esse processo concluído não poderá avançar a transportadora para a sua reestruturação, um processo que, reconhece Bastos e Silva, será "duro"."A decisão foi transmitida com muita clareza, de uma forma que permitisse construir uma solução que não arrastasse a falência da empresa", prosseguiu o governante, acrescentando que prosseguem negociações com o executivo comunitário sobre o tema.A decisão da Comissão Europeia foi comunicada ao executivo na sexta-feira, acrescentou.Já o líder parlamentar do PS/Açores e antigo chefe do Governo Regional, Vasco Cordeiro, perguntou ao secretário regional se poderia disponibilizar a decisão aos parlamentares, dizendo que Bastos e Silva cedeu à "tentação" de guardar durante alguns dias a decisão para a anunciar apenas hoje.De acordo com o socialista, "não existe documento" que sustente a decisão de Bruxelas, porque a tomada de posição, reconheceu depois Bastos e Silva no debate parlamentar, foi comunicada em videoconferência.Em meados de agosto, a Comissão Europeia deu ‘luz verde’ a um auxílio estatal português de 133 milhões de euros à transportadora aérea açoriana SATA, mas abriu uma investigação para avaliar o cumprimento das normas comunitárias em três apoios públicos à companhia.As dificuldades financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014, altura em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo Regional dos Açores começou a registar prejuízos, entretanto agravados pela pandemia de covid-19.Foi devido a essas dificuldades que a Região Autónoma dos Açores aprovou, desde 2017, três aumentos de capital na companhia aérea, para colmatar carências de liquidez.São estes apoios públicos que Bruxelas investigou e definiu como ilegais, declarou hoje o secretário regional do novo executivo açoriano com a tutela das Finanças.