Inverno “decisivo” para perceber comportamento da doença
Covid-19
29 de nov. de 2022, 16:42
— Lusa/AO Online
“Eu diria que a
norma, na generalidade, está no caminho certo” ao transformar a covid-19
numa doença sazonal habitual, adiantou à agência Lusa o presidente da
ANMSP.Segundo Gustavo Tato Borges, a norma
da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a abordagem das pessoas com
suspeita ou confirmação de covid-19, publicada na segunda-feira e que
revogou 11 normas anteriores, “transfere para o papel as decisões
tomadas pelo Governo”, no âmbito do fim da situação de alerta a 01 de
outubro.O médico salientou que a norma
assenta, porém, “num pressuposto que não é muito prudente”, alegando que
este será o primeiro inverno de transição para se perceber como a
“covid-19 se comporta”, numa altura mais propícia à propagação de vírus
respiratórios.“Teria sido um pouco mais
prudente termos tido a manutenção de algumas medidas, caso do isolamento
das pessoas positivas durante cinco dias com a baixa correspondente e
os testes gratuitos”, defendeu o presidente da ANMSP.“Nesta
fase ainda de alguma incerteza”, o Governo assumiu o risco de levantar
estas medidas, disse Tato Borges, reconhecendo que, até ao momento, não
se verificaram consequências negativas, porque os internamentos e os
óbitos estão dentro do esperado para esta altura do ano.O
médico salientou ainda que uma “falha” da norma da DGS é "não haver uma
recomendação sobre a ventilação dos espaços interiores” para a
população em geral, alegando a necessidade de “cada vez mais batalhar
por uma linha de referência da qualidade do ar interior”.Gustavo
Tato Borges defendeu também a possibilidade de os cidadãos terem acesso
aos certificados de incapacidade temporária de “forma mais fácil e mais
automatizada para minimizar a exigência de consultas apenas para terem
uma baixa para justificar as suas faltas”.Segundo
disse, este assunto terá de ser repensado a nível central, não apenas
para a covid-19, mas também para outras doenças infecciosas, no sentido
de “facilitar às pessoas documentos para regularizarem o seu absentismo
por motivos de doença”.A nova norma da DGS
indica, entre outros pontos, que os testes ao coronavírus SARS-CoV-2
deixam de ser recomendados a pessoas sem sintomas de infeção e os
doentes internados com covid-19 passam a poder receber visitas.A
autoridade de saúde justificou a norma com a elevada cobertura vacinal
da população e a evolução epidemiológica favorável, que permitem
“progredir para um modelo de resposta focado na prevenção e no
tratamento da doença grave, atento ao padrão de circulação e ao
aparecimento de novas variantes de SARS-CoV-2”.Quanto
aos lares de idosos e estruturas similares, durante o período da
infeção, as visitas aos doentes com covid-19 devem ser asseguradas,
desde que garantido o cumprimento do plano de contingência, incluindo
utilização adequada de equipamento de proteção individual.A
autoridade de saúde adiantou ainda que, perante as altas taxas de
vacinação em Portugal, a maioria dos casos de covid-19 apresenta uma
gravidade ligeira, uma duração autolimitada e requer apenas tratamento
sintomático.