Interrogatório de Bárbara Vara na fase de instrução começou pelas 13h30
Operação Marquês
28 de jan. de 2019, 15:40
— Lusa/AO Online
Bárbara
Vara está acusada de dois crimes de branqueamento de capitais, um em
cumplicidade com o seu pai, a cumprir pena de prisão ao abrigo do
processo Fase Oculta, e outro em coautoria com outros arguidos do
processo, nomeadamente Carlos Santos Silva. À
entrada do tribunal, nem a arguida nem os seus advogados, Rui Patrício e
João Cluny, quiseram prestar declarações, remetendo para o fim da
sessão eventuais comentários.Presente
na primeira sessão esteve o advogado do ex-presidente do BES Ricardo
Salgado que, apesar de não ter pedido abertura de instrução, alegou que o
seu cliente “é parte do processo e que tem todo o direito de intervir,
inclusivamente nesta fase”.Ricardo
Salgado está acusado de 21 crimes, nomeadamente corrupção,
branqueamento de capitais, abuso de confiança e fraude fiscal. Francisco
Proença de Carvalho reiterou que não está arrependido de não ter pedido
esta fase facultativa do processo, que serve para um juiz verificar a
acusação do Ministério Público e decidir quem vai a julgamento e por que
crimes, e que vai lutar pela “absolvição final de Ricardo Salgado” que
disse “estar inocente”.“Não vejo na acusação provas ou factos minimamente rigorosos”, afirmou aos jornalistas.Ricardo
Salgado não pediu a instrução porque, alegou, não tinha garantias de
que a fase de instrução fosse imparcial, caso fosse dirigida pelo juiz
Carlos Alexandre, que teve intervenção no interrogatório. Armando
Vara é uma das testemunhas arroladas pela sua filha, tendo o seu
interrogatório sido marcado inicialmente para terça-feira, mas deverá
ser adiado devido à greve dos guardas prisionais, cujos serviços mínimos
só contemplam transporte de presos para diligências urgentes.O
juiz de instrução Ivo Rosa já marcou diligências até final de maio,
prevendo-se que este processo dure cerca de um ano, dado o número de
testemunhas que irão depor e os interrogatórios dos arguidos que pediram
para ser ouvidos. O
inquérito Operação Marquês, que teve início há mais de cinco anos -
culminou na acusação a 28 arguidos - 19 pessoas e nove empresas - e
investigou a alegada prática de quase duas centenas de crimes de
natureza económico-financeira.José
Sócrates foi acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de
cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de
documentos e três de fraude fiscal qualificada.Entre
outras imputações, o Ministério Público está convencido que Sócrates
recebeu cerca de 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015, a troco de
favorecimentos a interesses do ex-banqueiro Ricardo Salgado no Grupo
Espírito Santos e na PT, bem como para garantir a concessão de
financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento de luxo Vale
do Lobo, no Algarve, e por favorecer negócios do Grupo Lena.Entre
os 28 arguidos estão Carlos Santos Silva, Henrique Granadeiro, Zeinal
Bava, Armando Vara, Bárbara Vara, Joaquim Barroca, Helder Bataglia, Rui
Mão de Ferro e Gonçalo Ferreira, empresas do grupo Lena (Lena SGPS, LEC
SGPS e LEC SA) e a sociedade Vale do Lobo Resort Turísticos de Luxo.