Interesse dos Açores nas casas dos militares dos EUA nas Lajes ainda sem resposta do PM
27 de nov. de 2017, 16:34
— Lusa/AO online
A
carta, hoje lida por Vasco Cordeiro no parlamento dos Açores, na Horta,
ilha do Faial refere que, “no âmbito da decisão da Força Aérea
norte-americana de redimensionar a sua presença na base aérea n.º 4,
Lajes, ilha Terceira, há um conjunto significativo de infraestruturas
que, segundo os procedimentos previstos no Acordo de Cooperação e Defesa
entre Portugal e os Estados Unidos da América, serão entregues” ao
Estado português.O
chefe do executivo açoriano adiantou que o facto é que a Força Aérea
norte-americana considera já ter procedido à entrega do bairro
Beira-Mar, com 296 habitações e escola, com “uma área total de pouco
mais de 24 mil metros quadrados”.“Da
parte do Estado português, invocando o previsto no já referido Acordo
de Cooperação e Defesa, o entendimento é que não houve entrega, pelo
que, neste momento, essas habitações se encontram sem qualquer entidade
que zele pela sua manutenção, nem pela segurança de toda essa zona”,
referiu, para acrescentar que “não tardará muito a que as mesmas entrem
num acelerado processo de degradação e destruição”.Vasco
Cordeiro transmitiu a António Costa “a disponibilidade e interesse do
Governo dos Açores de contribuir para uma solução”, nomeadamente
assumindo o destino” do bairro Beira-Mar, da escola e do bairro Nascer
do Sol, este com 156 habitações.“O
fim a que pretendemos afetar esses imóveis é, para além de habitações,
no caso dos bairros, o de apoio a alguns projetos de investimento que
visam a dinamização económica da ilha”, acrescenta a missiva, que o
chefe do executivo regional leu após a deputada do PSD Mónica Seidi ter
feito várias perguntas ao vice-presidente, tendo sugerido que ambos “não
têm conhecimento” do Orçamento de Defesa dos Estados Unidos, o qual
refere que, “se calhar, até estão a equacionar o regresso à base e que
para isso estas casas serão uma mais-valia”.Vasco
Cordeiro perguntou três vezes qual era a posição do PSD e de Mónica
Seidi sobre esta matéria, tendo a parlamentar dito que, “em primeiro
lugar, o sr. vice-presidente não pode oferecer algo que não é seu”, numa
alusão a um vídeo promocional do projeto “Terceira Tech Island”, onde
surge Sérgio Ávila a anunciar que a ilha tem cerca de 400 casas para
disponibilizar.“Em
segundo lugar, a aceitação destas casas, nestes moldes, significa que o
Governo Regional já desistiu de arranjar alternativas para a saída dos
americanos da base”, referiu a deputada, acrescentando depois: “O PSD
não concorda com a diligência do Governo dos Açores na medida que estas
casas, neste momento, ainda são uma mais-valia para arranjar
alternativas”.Vasco
Cordeiro retorquiu que a decisão de reduzir o efetivo militar
norte-americano nas Lajes “fez cinco anos” e o executivo açoriano
entende que não pode continuar à espera, enquanto o PSD prefere.O
presidente do grupo parlamentar do PSD e líder do partido na região,
Duarte Freitas, destacou que “estas casas podem ter um papel importante
na revitalização da componente militar da base norte-americana”,
acusando o PS de optar pelo mais simples, “criar um discurso populista”.“Continuamos
a achar que a infraestrutura militar norte-americana pode ter ainda
muito potencial económico para a ilha Terceira e para os Açores”,
insistiu Duarte Freitas.Já
o deputado do CDS-PP Artur Lima registou “com agrado” o envio da carta a
António Costa, esperando que a “resposta seja positiva”.“Numa
coisa o CDS tem uma certeza, não queremos mais a ilha Terceira
dependente de uma economia militar, nem da vontade dos americanos”,
disse, assegurando que podem contar com o partido para exigir que o
Executivo nacional invista 250 milhões de euros no âmbito do PREIT –
Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira.