Instituições ensino devem ter mecanismos de prevenção e denúncia de assédio
17 de abr. de 2023, 16:39
— Lusa
“Não
queremos que existam casos de assédio e para isso é preciso, sobretudo,
que as instituições tenham mecanismos de prevenção, que passam por
códigos de conduta, códigos de ética, ações de sensibilização dos
docentes, funcionários, investigadores e estudantes, relativamente
àquilo que são comportamentos aceitáveis ou não. Em segundo lugar,
quando infelizmente essas situações surgirem ou quando surgirem
suspeitas, que tenham mecanismos para atuar”, afirmou Pedro Nuno
Teixeira.À entrada para uma cerimónia que
assinalou, esta tarde, em Coimbra, os 54 anos da Crise Académica de
1969, promovida pela Associação Académica de Coimbra, Pedro Nuno
Teixeira realçou a importância de as instituições de ensino superior
terem canais de denúncia, como “a grande maioria já começa a ter”.“Que
tenham uma capacidade para desencadear mecanismos de avaliação
imparcial dessas situações e, se esses factos se verificarem, que tenham
uma atuação do ponto de vista sancionatório que seja adequada”,
acrescentou.Segundo o secretário de Estado
do Ensino Superior, a recomendação do governo é de que todas as
instituições de ensino superior criem e disponibilizem estes mecanismos.“Espero
que todas, se não o fizeram, que o façam rapidamente, porque acho que é
muito importante, até para preservar o bom nome e a dignidade de todas
as instituições e de todos aqueles que fazem parte da comunidade do
ensino superior”, sustentou.Pedro Nuno
Teixeira, que se escusou a comentar casos particulares de assédio,
considerou, no entanto, que “as coisas têm de correr o seu processo
normal”.“Nós não temos toda a informação
e, portanto, temos que aguardar, porque, sendo acusações graves, é
preciso que elas sejam avaliadas com serenidade e com profundidade, para
garantir que a conclusão é justificada”, apontou.Três
investigadoras que passaram pelo Centro de Estudos Sociais (CES)
denunciaram situações de assédio e violência sexual num capítulo do
livro intitulado “Má conduta sexual na Academia - Para uma Ética de
Cuidado na Universidade”, publicado pela editora internacional
Routledge.As autoras do capítulo, a belga
Lieselotte Viaene, a portuguesa Catarina Laranjeiro e a norte-americana
Myie Nadya Tom, estiveram no CES, como, respetivamente, investigadora de
pós-doutoramento (com uma bolsa Marie Curie) e estudantes de
doutoramento.Os investigadores Boaventura
Sousa Santos e Bruno Sena Martins acabaram por ser suspensos de todos os
cargos que ocupavam no CES, até ao apuramento das conclusões da
comissão independente que a instituição está a constituir para averiguar
as acusações de que são alvo.Após surgirem notícias sobre o capítulo, os dois investigadores negaram todas as acusações.