Instituições de ensino superior pedem mais financiamento face à Covid-19
OE2021
21 de out. de 2020, 11:35
— Lusa/AO Online
Os
presidentes do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas
(CRUP) e do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos
(CCISP) estiveram na Assembleia da República, para uma audição na
Comissão da Educação, Ciência, Juventude e Desporto a pedido do PSD. O
grupo parlamentar do PSD queria ouvir os representantes dos reitores e
presidentes a propósito das dificuldades agravadas pela pandemia da
covid-19 e da maior necessidade de financiamento no próximo ano,
questionando em concreto sobre a proposta de Orçamento do Estado para
2021 (OE2021), que prevê um aumento de 2% na dotação para as
instituições de ensino superior, e o Plano de Recuperação e Resiliência.Segundo
os representantes do ensino universitário e politécnico, a covid-19
colocou as instituições sobre uma pressão acrescida, para a qual
contribuiu a conjugação entre um aumento das despesas e uma redução das
receitas.Nos politécnicos, a estimativa
das necessidades criadas pela situação pandémica ascendem os 13,8
milhões de euros, que incluem, por exemplo, a aquisição de equipamentos
de proteção individual, os investimentos realizados para adaptar as
instituições ao ensino misto implementado este ano letivo e a ação
social.“Entendemos que apesar de estas não
estarem diretamente no contrato de legislatura, há aqui um conjunto
significativo de despesas adicionais em que as instituições incorreram
para garantir o normal funcionamento”, sublinhou o presidente do CCISP,
Pedro Dominguinhos.Durante a audiência, o
deputado socialista Tiago Estevão Martins sublinhou que o Governo tem
cumprido o contrato de legislatura e a deputada do CDS-PP Ana Rita Bessa
afirmou ter dificuldade em acompanhar as preocupações dos reitores e
presidentes, uma vez que assinaram esse contrato de legislatura e que a
proposta de OE2021 acompanha o que está previsto no acordo.No
entanto, os presidentes dos dois conselhos responderam explicando que o
contexto atual implica necessidades acrescidas, que não estavam em cima
da mesa quando o contrato, que está em vigor para o período entre 2020 e
2023, foi assinado.“O contrato de
legislatura foi uma boa decisão porque significa que durante esta
legislatura temos um sinal de estabilidade, mas estamos a falar de um
ano anómalo”, sublinhou o presidente cessante do CRUP, António
Fontaínhas Fernandes.No mesmo sentido, o
novo presidente do conselho de reitores, António Sousa Pereira, referiu
que além de um conjunto de circunstâncias e necessidades novas,
decorrentes da covid-19, há agora também um conjunto de novas
oportunidades, referindo-se ao Plano de Recuperação e Resiliência, do
qual as instituições de ensino superior também devem beneficiar.Sobre
este plano, António Sousa Pereira lamentou que o primeiro esboço do
documento, que o primeiro-ministro entregou em Bruxelas na quinta-feira,
não faça referências ao ensino superior. “Se
fizerem uma pesquisa de palavras no documento por ‘ensino superior’ ou
‘universidades’ vão ter a desagradável surpresa de ter zero menções a
ambos”, denunciou aos deputados da Comissão da Educação, Ciência,
Juventude e Desporto, considerando que o Governo ainda vai a tempo de
incorporar algumas soluções para problemas sérios do setor, em
particular, o alojamento estudantil.Esta é
também uma das áreas que o representante dos presidentes dos
politécnicos apontou como prioritária, referindo também a necessidade de
modernizar as instalações académicas e de um plano de inovação
pedagógica, à semelhança do que está previsto para o ensino básico e
secundário.