Inspeção-Geral da Administração Interna abre inquérito sobre ação da PSP no Martim Moniz
24 de dez. de 2024, 11:01
— Lusa/AO Online
Em declarações ao
semanário, o inspetor-geral da Administração Interna, juiz desembargador
Pedro Figueiredo, revelou que, até agora, a IGAI “não recebeu qualquer
queixa por abuso policial ou algo similar sobre a operação especial
realizada na Rua do Benformoso, em Lisboa, na última quinta-feira".Durante
a tarde de quinta-feira, um forte dispositivo policial cercou a rua do
Benformoso, onde há uma grande comunidade de cidadãos do subcontinente
indiano, e revistou dezenas de pessoas, que ficaram entre uma a duas
horas viradas para a parede. Dois homens,
ambos de nacionalidade portuguesa, foram detidos, um por posse de arma
proibida e droga e outro por suspeita de pelo menos oito crimes de
roubo.A ação da PSP tem sido criticada por
associações de imigrantes, grupos antirracismo e várias forças
políticas, que acusam a polícia de estar ao serviço da propaganda do
Governo contra os cidadãos estrangeiros irregulares.O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também considerou que as ações da polícia devem ser feitas com recato.A
IGAI abriu "por sua iniciativa, um processo administrativo, com
solicitação de informações à PSP sobre a referida operação", indicou o
inspetor-geral ao Expresso.O Comando
Metropolitano de Lisboa (COMETLIS) da PSP esclareceu que na “operação
especial de prevenção criminal” na freguesia de Santa Maria Maior, em
Lisboa, apreendeu 435 euros em dinheiro, suspeitos de serem provenientes
de atividades ilícitas, sete bastões (madeira e ferro), 17 envelopes
com fotos tipo passe suspeitas de serem para uso em atividades ilícitas,
3.435 euros em numerário, um passaporte e diversos documentos por
suspeita de auxílio à imigração ilegal, 581,37 gramas de droga que se
suspeita ser haxixe, uma arma branca e um telemóvel que constava como
furtado.A PSP acrescentou, num comunicado
divulgado no dia em que ocorreu a operação, que naquela zona "
frequentemente ocorrem situações de desordem envolvendo armas brancas e
outros incidentes relacionados com ofensas à integridade física".A operação policial foi acompanhada por uma procuradora da República e foram cumpridos seis mandados de busca não domiciliária.Sobre
os procedimentos, a porta-voz do COMETLIS, a subcomissária Ana Raquel
Ricardo, explicou que uma “operação especial de prevenção criminal dá
legitimidade para fazer outro tipo de diligências, nomeadamente a
revista de cidadãos que se encontrem no local e revista de viaturas” que
por ali circulem.A mesma responsável
referiu que o contingente empregue “foi o necessário” para uma operação
deste tipo, sem, contudo, revelar o número de profissionais envolvidos.