Inspeção da Administração Interna vai fazer auditoria sobre uso da força nas polícias
18 de abr. de 2018, 14:25
— Lusa/AO online
Margarida
Blasco respondia aos deputados da primeira comissão parlamentar sobre o
recente relatório do Comité Anti-Tortura do Conselho da Europa, que
apontou Portugal como um dos países da Europa Ocidental com maior número
de casos de violência policial e que estes abusos de autoridade são
maiores contra estrangeiros e afrodescendentes.Assegurando
que a formação dos elementos das forças e serviços de segurança é “um
objetivo estratégico da IGAI [Inspeção-Geral da Administração Interna]”,
a inspetora destacou as ações de formação realizadas nos
estabelecimentos de ensino da polícia e dos militares, garantindo que
vão continuar nos próximos anos.A
IGAI vai divulgar para os polícias um "manual de ação policial" sobre
direitos humanos, no qual estão integradas as melhores práticas
policiais à luz da proteção dos direitos fundamentais" e vai também
promover um seminário sobre "práticas policiais e direitos humanos".A
juíza destacou também a existência de um processo de acompanhamento da
própria IGAI quando as queixas das vítimas são, numa primeira fase,
analisadas pelas próprias forças de segurança, havendo, no fundo, “um
controlo sobre como estão a decorrer as investigações”. “Todas
as forças e serviços de segurança têm a obrigação de comunicar à IGAI
as situações de violência ou uso excessivo de força. A nossa fonte
principal é o cidadão que pode fazer a sua queixa”, disse.Associado
às ações de formação, que defende que sejam contínuas, Margarida Blasco
destacou as várias recomendações que têm sido feitas às instituições
policiais “para que não se voltem a cometer os mesmos erros”.A
deputada do PSD Andreia Neto chamou a atenção para o facto de Portugal
ser destacado no relatório pelas “piores razões”, nomeadamente por
indícios de discriminação racial por parte da polícia e ainda por falta
de relatórios médicos das próprias agressões.Sandra
Cunha, do BE, disse serem inaceitável as conclusões do Comité
Anti-Tortura, dado que referem “comportamentos racistas e xenófobos” das
forças policiais portuguesas, questionando que procedimentos podem ser
adotados para que todas as situações de agressões constem dos relatórios
das autoridades.Vânia
Dias da Silva, do CDS, disse que o relatório do Comité constata
situações “preocupantes de violência policial, que são inconcebíveis”,
mas ressalvou que não se pode “tomar a parte pelo todo, nem diabolizar
as forças de segurança”.A deputada defendeu “uma punição exemplar” quando as situações de abuso da força são relatadas.O
relatório recomenda a aplicação de medidas para garantir a investigação
dos casos referenciados, o alargamento das competências da inspeção e
mais recursos humanos para a IGAI, que a inspetora-geral disse serem
reduzidos.