Insolvência da antiga empresa municipal Azores Parque volta na quarta-feira a tribunal
31 de out. de 2022, 17:30
— Lusa/AO Online
O julgamento deste caso
volta a ser repetido porque, a 08 de fevereiro, o Tribunal da Relação
de Lisboa decidiu “julgar procedente o recurso” interposto pela advogada
de defesa de Carlos Silveira, administrador de direito da Azores Parque
e um dos dois condenados neste processo.Além
de anular a sentença proferida, o Tribunal da Relação determinou a
citação do ex-presidente do Santa Clara, Rui Cordeiro, e "a sua afetação
no incidente de insolvência culposa".No primeiro julgamento, o ex-presidente do Santa Clara foi ouvido na condição de testemunha.Na
sentença de primeira instância, o tribunal concluiu o “caráter culposo
da insolvência” da Azores Parque, com “afetação pessoal” de Carlos
Silveira e Khaled Saleh, “que ficaram inibidos para o exercício do
comércio e para a ocupação de qualquer cargo de titular de órgão de
sociedade comercial ou civil, associação ou fundação privada de
atividade económica, empresa pública ou cooperativa, por um período de
quatro anos”.Com a repetição do julgamento, serão ouvidas de novo todas as testemunhas.Em
causa está a alienação da Azores Parque - Sociedade de Desenvolvimento e
Gestão de Parques Empresariais, uma empresa municipal de Ponta Delgada
que visava a promoção e desenvolvimento urbanístico imobiliário de
parques empresariais.À data dos factos –
2019 – a presidência da Câmara Municipal de Ponta Delgada era ocupada
pelo atual presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel
Bolieiro (PSD).A sentença de primeira
instância, proferida a 19 de abril de 2021, ilibava o presidente do
Governo Regional, a antiga presidente da Câmara Municipal Maria José
Duarte e Humberto Melo, que era, então, vice-presidente da autarquia, de
insolvência culposa.José Manuel Bolieiro e
Maria José Duarte eram, à data da alienação da empresa, presidente da
câmara e vereadora, respetivamente, e integraram a administração da
Azores Parque.Uma fonte ligada ao processo
explicou à Lusa que José Manuel Bolieiro "não deverá ser chamado" a
depor, tal como "aconteceu no primeiro julgamento".No
comunicado enviado às redações na altura, o tribunal determinava que a
anterior administração da Azores Parque “cumpriu os normativos legais,
nomeadamente providenciando-se pela cobertura de prejuízos,
diligenciando-se pela internalização da empresa e, após, pela alienação
dela”.Assim, “o tribunal considerou não se
verificarem os pressupostos da qualificação da insolvência como
culposa, pelo que determinou a absolvição” dos administradores
anteriormente referidos, bem como de Luísa Moniz, que era vereadora
naquela câmara.O relatório de contas da
Azores Parque de 2017 mostrava um passivo superior a 11 milhões de
euros, dos quais 10,5 milhões correspondem a passivos bancários.A
venda da empresa foi aprovada em Assembleia Municipal, em novembro de
2018, e oficializada em março de 2019, altura em que a sociedade
comercial Alixir Capital comprou 102 mil ações, com um valor nominal de
cinco euros cada, perfazendo um total de 510 mil euros, mas que foram
adquiridas por 500 euros.Em oito meses, a
Azores Parque alienou vários imóveis por 705 mil euros, mas retirou todo
o dinheiro das contas bancárias antes de ser declarada insolvente.A repetição do julgamento tem sessões marcadas para quarta, quinta e sexta-feira.