Inquérito do INE às origens étnico-raciais já começou e recolha prolonga-se até maio
5 de jan. de 2023, 15:20
— Lusa/AO Online
Este
inquérito, da responsabilidade do Instituto Nacional de Estatística
(INE), irá abordar, entre outras questões, a origem étnico-racial das
pessoas que residem em Portugal há pelo menos 12 meses, e surge depois
de o organismo ter decidido não incluir no Censos 2021 uma pergunta
sobre essa matéria, como pretendia a maioria dos membros do grupo de
trabalho criado em 2019 pelo Governo para avaliar a questão.Segundo
o presidente do INE, Francisco Gonçalves de Lima, a recolha da
informação decorre entre janeiro e maio de 2023, tendo chegado já dez
respostas. A recolha inicia-se pela internet e avança depois para o
telefone ou para o modo presencial, explicou o responsável, em
conferência de imprensa.A amostra abrange
35.035 habitações e a população alvo são as pessoas com idades entre os
18 e os 74 anos residentes em Portugal, sendo apenas entrevistada uma
pessoa por habitação, e no caso de haver mais do que uma pessoa elegível
para responder, o critério de seleção é o de quem celebrou o
aniversário há menos tempo.De acordo com o
presidente do INE, a dimensão da amostra “está ao nível dos maiores
inquéritos às famílias, nomeadamente o inquérito ao emprego, que é
aquele que está sempre na rua ao longo do ano”.“Compara
bem não só em termos nacionais, mas até em termos europeus para o tipo
de inquérito que é, porque temos aqui não só o tentar capturar, tentar
identificar, tentar caracterizar grupos que podem ter diferentes
dimensões, mas mais do que isso, temos toda a caracterização não só em
termos de condições de vida, em termos do trajeto e em termos de
origem”, defendeu Francisco Gonçalves de Lima.O
responsável frisou que o INE quer ter qualidade nos resultados e
precisão elevada, defendendo que para haver esses resultados e, desse
modo, poder ser conhecida a realidade do país, “é essencial a resposta”.Sublinhou
que é importante ter uma amostra bastante elevada, tentando equilibrar
entre dimensão e capacidade por parte do INE para a realização do
inquérito, mas apontando que o investimento feito no desenho da amostra
teve a ver com objetivo de conseguir resultados precisos.“Para
termos resultados e conhecermos a realidade do país é essencial a
resposta, sabendo que nunca foi nossa posição tornar obrigatório o
inquérito, e em todas as variáveis damos liberdade de resposta, mas é
essencial, num inquérito com estas características, termos uma boa taxa
de resposta, apelou, sublinhando que “não há outra fonte que não seja a
resposta das pessoas”.O ICOT inclui
diferentes módulos, entre dois iniciais sobre os residentes e o
alojamento, e outros cinco sobre características sociodemográficas,
origem e pertença, discriminação, línguas faladas e habitação e
rendimento.As mais de 35 mil habitações
estão distribuídas entre 8.055 na zona norte, 6.605 no centro, 1.215 na
Região Autónoma dos Açores, 1.530 na Região Autónoma da Madeira, 11.625
na Área Metropolitana de Lisboa, 2.840 no Alentejo e 3.165 no Algarve.A
recolha dos dados será feita em português e em inglês, e haverá
entrevistadores, entre os 265 para entrevistas presenciais ou por
telefone, preparados para realizar o inquérito em inglês. Está também
previsto que o inquérito possa ser traduzido em dez idiomas, como árabe,
hindi, bengali, russo ou ucraniano.Questionado
sobre o modo de recolha poder excluir alguns grupos populacionais, uma
vez que pressupõe a existência de uma habitação, o presidente do INE
assumiu que isso é uma dificuldade, mas lembrou que o organismo tem
estruturas de recolha locais, com presença no local, que procuram
avaliar se não está a ser coberta uma determinada área”. Assumiu
que a aposta é na recolha de forma digital, “que também é mais cómoda
para quem está a responder”, mas garantiu que não será abandonada a
recolha por telefone nem a presencial.