Inovação e modernização da Justiça resultam do trabalho feito desde 2016
27 de mar. de 2019, 13:14
— Lusa/AO Online
"Não
é surpresa. Temos vindo a fazer desde 2016 um trabalho importante em
matéria de inovação e de modernização das organizações de justiça",
disse Francisca Van Dunem, que falava aos jornalistas no decurso da
sessão de abertura da 5.º mesa-redonda sobre política global para
igualdade de acesso à justiça (OCDE Global Policy Roundtable on Equal
Access to Justice), que decorre, em Lisboa, com a presença de
representantes de cerca de duas dezenas de países.O
interesse da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
(OCDE) pela experiência de inovação e modernização do sistema judicial
português prende-se com o facto da OCDE ter, referiu a ministra, "um
plano associado à Justiça para Todos", dando especial atenção às pessoas
com capacidades diminuídas, minorias e comunidades mais desfavorecidas e
promovendo o efetivo acesso das pessoas ao direito e aos tribunais.No
caso português, a ministra sublinhou que os planos Justiça+Próxima e
Simplex+ passam pela desmaterialização (dos processos) desde a primeira
instância e pela possibilidade de acesso remoto aos autos e pela
melhoria da capacidade ao nível da informação prestada aos interessados.Paralelamente,
indicou ainda, o programa Tribunal+ tornou-se no expoente e no "centro
da modernização da justiça na área dos tribunais, pois permitiu
"reorganizar as secretarias judiciais e os seus fluxos internos, com
redução do tempo despendido nas várias tarefas"."É
um projeto que tem um grande envolvimento dos oficiais de justiça",
frisou Francisca Van Dunem, apontando os efeitos benéficos em termos de
gestão dos tribunais.A ministra admitiu
que há ainda muito por fazer e a melhorar, designadamente ao nível da
informação e do acesso ao direito, observando que, apesar de existirem
portais da Justiça, muitas pessoas desconhecem essas ferramentas que
estão ao seu dispor na internet.A
utilização cada vez mais frequente da videoconferência em julgamentos, a
possibilidade de consultar o processo remotamente a partir de casa ou a
faculdade de pedir uma certidão ou o registo criminal ‘online’ foram
alguns exemplos dados pela ministra sobre a inovação ocorrida na área
que tutela.A ministra reconheceu, porém,
que a "justiça está cara" em Portugal, justificando que isso é um
problema comum a muitos outros países e que resulta do facto de a
estrutura da justiça se basear em "agentes com uma grande diferenciação"
e especialização, com uma forte componente remuneratória.Lembrou
que o Estado estabelece mecanismos de acesso gratuito à justiça às
pessoas mais desfavorecidas através do apoio judiciário, estando para
breve a aprovação de um diploma que alarga o alcance e o âmbito do
sistema de apoio judiciário em conformidade com os seus rendimentos.No
evento da OCDE, em Lisboa, o caso português foi destacado pela
organização como “um dos poucos a introduzir ativamente um pacote
abrangente de medidas de simplificação administrativa, digitalização e
inovação em todo o setor da justiça”. Em
relatório preliminar, a OCDE destaca a forma como Portugal tem aplicado
as tecnologias de informação ao sistema de justiça, ao sublinhar que “a
introdução do digital em Portugal facilita a simplificação de processos,
melhora a sua qualidade (reduzindo o trabalho manual) e reduz os custos
relacionados com a produção e armazenamento de ficheiros”. A
sessão de abertura contou com intervenções da ministra da Justiça
portuguesa, da secretária de Estado da Justiça, Anabela Pedroso, e da
diretora-geral da OCDE, Irene Hors.O
evento promove o debate sobre um acesso mais universal à Justiça,
centrada nas pessoas e direcionada para as necessidades dos cidadãos e
das empresas, incluindo comunidades vulneráveis.